Sob pressão para aprovação do pacote de corte de gastos, o governo busca alternativas para atender o Congresso Nacional e discute mudanças em emendas parlamentares. A abertura de negociações pode fazer com que as últimas decisões do ministro FlĂĄvio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mantiveram regras mais rígidas para emendas, possam ser alteradas pela própria equipe do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT).
De acordo com o secretĂĄrio-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, a Advocacia-Geral da União (AGU) farĂĄ uma anĂĄlise sobre os critérios definidos pelo ministro e o pagamento de recursos a deputados e senadores seguirĂĄ o que ficar entendido pelo governo.
"A AGU vai fazer uma interpretação com força executória do que de fato se extrai da decisão do Supremo, e a Secretaria do Tesouro, como executor e os outros órgãos do governo, vão executar na linha do que foi decidido e do que foi interpretado pela AGU", declarou Durigan a jornalistas na noite desta segunda-feira (9).
A estratégia do governo vem após Dino decidir manter a posição para mais transparĂȘncia no envio de recursos de parlamentares a estados e municípios, alterando mudanças indicadas pelo Congresso e ignorando pedido do próprio governo. As decisões do ministro afetaram a relação entre parlamentares e o governo Lula.
Em outra frente, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a AGU vai emitir uma decisão que autorize o pagamento de R$ 6,4 bilhões em emendas ainda em 2024. A previsão entre os valores é que R$ 4,1 bilhões sejam destinados para emendas de bancada (RP7) e R$ 2,3 bilhões em emendas de comissão (RP8).
Nos bastidores, deputados atrelam decisões de FlĂĄvio Dino a intenções do próprio governo, que tĂȘm buscado alternativas para reduzir gastos públicos. A suposta relação é negada por nomes da base governista, mas tĂȘm interferido em anĂĄlises, principalmente na Câmara.
Deputados mostram insatisfação com propostas apresentadas pelo governo, em destaque aos cortes de gastos. Aposta dar espaço ao Orçamento no ano que vem, a pauta é uma das prioridades da equipe econômica, mas depende de apoio no Congresso. Por enquanto, sem a cessão das emendas, o pacote ainda não foi votado pelos deputados e senadores.
Para tentar sanar essa questão, Lula se reuniu nesta segunda-feira com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Eles tentam chegar a um acordo que ainda serĂĄ discutido com as lideranças partidĂĄrias de cada uma das casas.
A avaliação, até o momento, é de que a Lula não tĂȘm os votos necessĂĄrios para aprovar o texto. A necessidade de negociações podem fazer com que a proposta fique para a próxima semana.
Conforme apurou o SBT News, o principal entrave é ligado às emendas de comissão, que foram travadas por Dino. O ministro também definiu que deve haver divulgação de todos os dados sobre o tipo de emenda – como identificação nominal dos parlamentares.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/