O chefe da diplomacia do Irã, Abbas Araghchi, reconheceu que a queda do ditador Bashar al-Assad na Síria afetará o chamado "Eixo da Resistência", uma aliança anti-Israel liderada por Teerã. Em entrevista transmitida pela televisão nesse domingo (08), Araghchi afirmou que "é natural que a frente de resistência seja afetada".
O Eixo da Resistência inclui o movimento terrorista islâmico palestino Hamas, o grupo terrorista xiita libanês Hezbollah, os rebeldes terroristas Houthis do Iémen e milícias no Iraque e na Síria. A Síria, até então, era o único país árabe a integrar essa aliança e desempenhava um papel estratégico, pois facilitava o acesso direto do Irã ao Hezbollah.
Araghchi ressaltou que a Síria tinha uma importância central na aliança, destacando seu papel significativo no confronto com Israel e no apoio aos palestinos. Contudo, o ministro iraniano garantiu que a resistência não irá cessar sem a Síria. "Pode haver algumas limitações, mas a resistência encontrará o caminho a seguir", afirmou. Além disso, ele assegurou que o Hezbollah possui recursos suficientes, como munições, equipamentos e instalações, para se manter ativo nos próximos um ou dois anos.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, se pronunciará sobre os "acontecimentos recentes na região" em um discurso marcado para quarta-feira (11). A declaração será feita na Mesquita Imam Khomeini, em Teerã, durante um encontro com "milhares de pessoas de diferentes origens", segundo informações divulgadas por uma das contas oficiais nas redes sociais de Khamenei. A última vez que o líder iraniano fez um discurso semelhante foi no início de outubro, para comentar a morte do líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah.
No domingo, os rebeldes sírios anunciaram a queda de Damasco e a saída de Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coalizão liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS), com o apoio de outras facções respaldadas pela Turquia. Assad, que governava a Síria há 24 anos, deixou o país e se exilou na Rússia, conforme relatos das agências russas TASS e Ria Novosti.
A Rússia e a China expressaram preocupação com o fim da ditadura de Assad, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes comemorou a saída de Damasco do controle do clã Assad.
O partido Baath, no poder na Síria há mais de meio século, é visto por muitos sírios como um símbolo de repressão, iniciado em 1970, quando Hafez al-Assad, pai de Bashar, chegou ao poder por meio de um golpe de Estado e governou até sua morte, em 2000.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/