O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comemorou, neste domingo (8), a derrubada do regime ditatorial na Síria, mas alertou sobre os riscos e a incerteza durante a transição política do país. Em um pronunciamento feito na Sala Roosevelt da Casa Branca, Biden destacou que este é um momento de grande oportunidade histórica para o povo sírio, que há anos sofre com o regime de Bashar al-Assad.
"É um momento de oportunidade histórica para o povo sírio construir um futuro melhor para seu país, que tanto orgulha. Mas também é um momento de risco e incerteza. Ao olharmos para o que vem a seguir, os Estados Unidos trabalharão com nossos parceiros e com os envolvidos na Síria para ajudá-los a aproveitar essa oportunidade e gerenciar o risco", afirmou Biden.
O presidente norte-americano também se comprometeu a apoiar os países vizinhos da Síria, como Jordânia, Iraque, Líbano e Israel, durante o período de transição, além de enviar oficiais de alto escalão à região. Ele garantiu que os Estados Unidos continuarão sua missão contra o grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS) e assegurará a segurança das instalações de detenção na Síria onde estão presos combatentes do ISIS.
Biden foi enfático ao afirmar que os EUA estão atentos ao risco de o ISIS tentar aproveitar o vácuo de poder para retomar sua capacidade e criar refúgios seguros. "Estamos cientes de que o ISIS tentará tirar proveito desse novo vácuo para restabelecer suas capacidades. Não vamos deixar isso acontecer", disse.
O presidente também destacou que, embora o ISIS seja uma ameaça, não é o único grupo a representar perigo. Ele mencionou que algumas das facções rebeldes que derrubaram o regime de Assad possuem histórico de terrorismo e abusos dos direitos humanos. "Eles estão dizendo as palavras certas agora, mas à medida que assumem maior responsabilidade, vamos avaliar não apenas o que falam, mas suas ações", acrescentou.
Além disso, Biden reafirmou o compromisso dos EUA em ajudar todos os grupos sírios a estabelecerem um governo independente e soberano. Esse apoio incluirá ajuda humanitária para o país, que vive uma guerra civil há 13 anos.
Em relação ao jornalista norte-americano Austin Tice, sequestrado em 2012, Biden afirmou que sua administração está empenhada em trazê-lo de volta à sua família. O presidente também revelou que os Estados Unidos acreditam que Tice ainda esteja vivo.
A revolta síria alcançou a capital, Damasco, neste domingo, com as forças rebeldes tomando a cidade. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que o presidente Bashar al-Assad renunciou e deixou o país, pondo fim ao regime de décadas da família Assad.
"Não sabemos exatamente onde ele está, mas há informações de que ele esteja em Moscou", afirmou Biden, acrescentando que Assad deve ser responsabilizado pelos crimes cometidos. Desde que assumiu o poder em 2000, após a morte de seu pai, Assad manteve aliados como Rússia, Irã e o grupo libanês Hezbollah. Biden destacou que esses aliados estão agora "muito mais fracos" do que quando ele assumiu a presidência dos EUA.
Gazeta Brasil