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Internacional

Assad está em Moscou após ter recebido asilo da Rússia, diz agência


© AMR NABIL

A agência de notícias russa Interfax afirmou neste domingo (8) que o ex-ditador da Síria, Bashar al-Assad, recebeu asilo das autoridades russas e está em Moscou. O texto atribui a informação a uma autoridade anônima que disse ainda que a família do líder está junto dele.

A fuga de Assad da Síria marca o fim de um regime que durava mais de 50 anos — iniciado por seu pai, Hafez — e impressiona pela velocidade com que forças insurgentes tomaram algumas das principais cidades do país em poucos dias. Moscou havia confirmado mais cedo que Assad tinha renunciado ao comando do território e deixado o país. Comunicado de sua chancelaria afirmava que ele tinha dado "instruções para que haja uma transferência pacífica de poder".

Naquele momento, o país não esclareceu, porém, o paradeiro do ditador que há 24 anos governava o próprio território com mão de ferro, tendo sido acusado de usar armas químicas contra a sua própria população. Afirmou ainda que ele "não participou das negociações".

Dois oficiais do Exército haviam afirmado, sob anonimato, que Assad tinha embarcado em um avião em Damasco com destino desconhecido na madrugada enquanto os rebeldes tomavam a capital.

Rebeldes sírios anunciaram, em uma declaração televisionada no início deste domingo, que derrubaram o regime de Assad, acrescentando que todos os prisioneiros foram libertados após uma ofensiva relâmpago que surpreendeu o mundo e traz temores de uma nova onda de instabilidade em um Oriente Médio assolado por guerras.

Na sequência, o comando do Exército da Síria notificou os oficiais que o regime de Assad havia terminado, disse um oficial sírio.

A queda de Damasco foi antecedida por rápidos avanços dos insurgentes em diversos pontos do território. Desde a invasão de Aleppo, no norte, no último dia 29, as defesas de Assad desmoronaram. Além dela e de Hama e Homs, foram tomadas Deir al-Zor, no leste, e Quneitra, Deraa e Suweida, no sul.

O HTS (Organização para a Libertação do Levante, na sigla em árabe), organização cuja origem remonta à rede terrorista Al Qaeda, tem sido a protagonista dos combates contra o Exército sírio, e assumiu a conquista das principais cidades de Aleppo, Hama e Homs. Mas a própria facção é uma coalizão de cinco milícias principais e seis, secundárias, que têm desavenças entre si.

Os demais insurgentes tampouco compõem um grupo homogêneo. A cidade de Daraa, simbólica por ter sido o berço da revolta síria em meio à Primavera Árabe, foi tomada por um grupo que só se juntou aos enfrentamentos contra o regime na sexta-feira (6), por exemplo.

A ressurreição observada na última semana e a facilidade com que ela derrubou as forças de defesa do regime impressionam. O conflito interno parecia basicamente congelado desde 2020. Naquele ano, a Turquia, que apoia os rebeldes, e a Rússia, parceira de longa data da ditadura de Assad, acertaram um cessar-fogo entre os grupos que apoiavam no norte e nordeste do país.

A propalada queda de Assad se deve em parte ao atual contexto geopolítico, aliás. O regime sempre contou com seus aliados internacionais para subjugar os rebeldes. Bombardeios por aviões de guerra da Rússia eram frequentes, e o Irã enviou integrantes do grupo islâmico libanês Hezbollah e milícias iraquianas para reforçar o Exército sírio e atacar redutos de insurgentes.

Mas Moscou tem se concentrado na Guerra da Ucrânia desde 2022, e o Hezbollah sofreu grandes perdas em sua própria guerra contra Israel, o que limitou consideravelmente a capacidade da organização e do Irã de auxiliar o regime.

O futuro do país, por sua vez, continua incerto, e instabilidade abre a possibilidade de que a guerra civil que matou 500 mil sírios e forçou o deslocamento de outros 6 milhões seja retomada com força total.

Além disso, o HTS é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, e seu líder, Abu Mohammad al-Jolani, é considerado autoritário e extremista, embora tenha insistido que conseguiu transformar a facção em uma força moderada nos últimos anos.

Mesmo assim, grande parte dos sírios deu demonstrações de esperança ao longo da última semana. Quando o HTS anunciou o controle total de Homs na noite de sábado (7), por exemplo, milhares dos residentes saíram às ruas dançando e gritando "Assad se foi, Homs está livre" e "Viva a Síria e abaixo Bashar al-Assad". Rebeldes dispararam para o ar em celebração, e jovens rasgaram cartazes do ex-ditador sírio pela cidade.

Metro Brasil

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