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Economia

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Dólar abre em alta e encosta nos R$ 6, de olho em detalhes sobre pacote de cortes

Por Elias Hacker 28/11/2024 às 10:08:23

O dólar abriu em alta e encostou nos R$ 6 nesta quinta-feira (28), com investidores atentos ao detalhamento do pacote de corte de gastos e da isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil.

Nesta manhã, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet, e da Casa Civil, Rui Costa, fazem uma coletiva com jornalistas para explicar mais detalhes do pacote anunciado na véspera.

As medidas, anunciadas por Haddad em um pronunciamento em rede nacional, preveem um corte de gastos de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026. Entre as ações, estão uma limitação para o crescimento do salário mínimo, restrição para o abono salarial e um aumento nos impostos dos chamados super-ricos.

Além do pacote de corte, o governo também propôs isentar o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824.

O anúncio, no entanto, teve sabor agridoce para o mercado financeiro. Isso porque apesar de ter cumprido com a economia esperada, a isenção do IR ainda pode ter um alto custo para o governo. (entenda mais abaixo)

Dólar
Às 09h03, o dólar subia 1,25%, cotado a R$ 5,9863. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,9993.

Na véspera, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,80%, cotado a R$ 5,9124.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 1,70% na semana;
  • ganho de 2,27% no mês;
  • alta de 21,84% no ano.

Ibovespa

As negociações do Ibovespa, por sua vez, começam apenas às 10h.

Na véspera, o índice encerrou em queda de 1,73%, aos 127.669 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 1,12% na semana;
  • perdas de 1,57% no mês;
  • recuo de 4,85% no ano.

O que está mexendo com os mercados?
O real tem sofrido uma desvalorização acentuada há semanas, conforme aumenta a cautela dos investidores com a condução das contas públicas brasileiras. Quando os gastos públicos estão elevados, o mercado passa a desconfiar da capacidade do país de arcar com suas dívidas no médio e longo prazo.

Havia uma grande expectativa do mercado financeiro de que a equipe econômica do governo federal apresentasse algum pacote de cortes nos gastos públicos logo após o segundo turno das eleições municipais no Brasil. Foram vários adiamentos desde então.

Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que faria um "pronunciamento à Nação" em cadeia nacional de rádio e televisão. O tema do discurso não foi detalhado pelo governo. Uma imagem foi divulgada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, no entanto, com o lema: "Brasil Mais Forte. Governo eficiente. País justo."

Segundo o ofício do governo enviado à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o pronunciamento tem 7 minutos e 18 segundos de duração.

Com uma grande espera do mercado pelo anúncio de um novo pacote de cortes de gastos pelo governo, a notícia, que tinha tudo para ser bem recebida pelos investidores, se mostrassem um comprometimento do governo em cumprir com o arcabouço fiscal (conjunto de regras de equilíbrio orçamentário). Mas o efeito foi o contrário.

Com os rumores de que Haddad também deve anunciar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês a partir de 2026, os agentes entendem que o pacote de cortes pode perder a força, e até comprometer a trajetória da dívida pública no futuro.

Segundo a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, se de fato acontecer, a medida, que era uma promessa de campanha de Lula (PT), será considerada uma vitória da ala política do governo, já que tudo indica que a equipe econômica foi contra o anúncio neste momento.

De acordo com a economista, a estimativa é que a medida, se aprovada, poderá custar R$ 40 bilhões por ano aos cofres públicos.

"Ou seja, o dia, que deveria ser marcado pelo esperado pacote de contenção de despesas, poderá contar também com um aumento considerável nos gastos do governo. Na dúvida sobre se o anúncio será conjunto ou não, e sobre se o financiamento da isenção do IR será outro além do pacote de gastos, o mercado, claro, se posicionou de forma bastante defensiva", explicou Veronese.
A leitura, segundo a economista, é que se o financiamento da isenção de IR vier do pacote de gastos, o valor de R$ 70 bilhões "passa a ser irrisório".

"O que se viu a partir de então foi uma escalada do dólar, a abertura dos juros e a queda na bolsa. A única coisa que nos resta é aguardar pelo pronunciamento de Haddad e entender as medidas, as fontes de financiamento e a estrutura do pacote", acrescentou.

Apesar de o detalhamento do pacote ainda não ter sido anunciado pelo governo, já se especula no mercado, pelas apurações da imprensa ao longo dos últimos dias, de onde deve vir a contenção de despesas.

Entre as medidas previstas, estão:

  • A inclusão da política de aumento do salário mínimo nas limitações do arcabouço fiscal; na prática, o mínimo poderá ser reajustado em patamares inferiores aos atuais;
  • Uma proposta, enviada ao Congresso, para acabar com salários acima do teto constitucional, os chamados supersalários;
  • Um chamado para que beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), atualizem seus dados, caso não o tenham feito nos últimos dois anos;
  • E mudanças nas regras de aposentadorias e pensões dos militares.

Na última sexta-feira (22), o governo já anunciou um bloqueio de R$ 6 bilhões no Orçamento deste ano. Com isso, o governo totaliza R$ 19,3 bilhões já bloqueados nos últimos meses para tentar compensar o avanço das despesas obrigatórias, como gastos com a previdência.

Mesmo assim, o mercado ainda aguarda as demais medidas para entender como o governo pretende lidar com as contas públicas nos próximos anos.

A ideia é que, com os cortes, o governo consiga equilibrar a situação das contas públicas e honrar o arcabouço fiscal. Contas mais controladas são bem vistas por investidores porque aumentam a confiança de que o país será capaz de arcar com suas dívidas.

A decisão de atrelar o anúncio ao pacote de cortes tem como objetivo passar a mensagem de que o governo Lula não está fazendo o ajuste fiscal apenas em cima dos mais pobres.

O custo estimado para a isenção é de R$ 50 bilhões por ano, que supera a economia prevista com as medidas de contenção de gastos, entre R$ 30 bilhões e R$ 40 milhões.

Segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital, o mercado recebe negativamente a notícia da isenção porque "não tem como pensar em um cenário em que essa isenção vá beneficiar o consumo das famílias em um nível suficiente para compensar o que seria ganho através da cobrança do imposto de renda para essa população".

Assim, os investidores esperam maior previsibilidade e clareza sobre como o governo pretende fazer essa compensação de gastos e receitas, para avaliar se a medida será sustentável.

Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/

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