O presidente da Câmara do Deputados, Arthur Lira (PP-AL, ao centro na foto), não aceitou o pedido de desculpas do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard.
"Foi muito fraca, dado o estrago de imagem que produziu o CEO do Carrefour", disse Lira, em referência à carta em que Bompard pediu desculpas por ter dado a entender que a carne brasileira não segue padrões de qualidade.
Lira falou a jornalistas após reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária, na qual se tratou da tramitação do Projeto de Lei 1406, sobre reciprocidade comercial. O projeto tem a intenção de proteger a produção brasileira diante de questões como a do Carrefour.
"É temerário"
"O Ministério [da Agricultura] achou que a resposta foi conveniente e "vamos seguir a vida"", disse Lira, que citou também críticas do grupo francês Tereos à agricultura brasileira para fazer um alerta:
"É temerário que o Congresso Nacional, as entidades de produtores, o governo federal, o Itamaraty não se posicionem mais firmemente numa crescente de narrativas que visam gerar desinformação".
"Cadeia de difamação"
O presidente da Câmara destacou o "rigor do Código Florestal" brasileiro e falou em frear o que classificou como "cadeia de difamação da produção brasileira".
Lira destacou que já há um projeto sobre reciprocidade comercial mais avançado no Senado, e que os parlamentares articulam para unir as duas propostas.
O assunto será discutido no colégio de líderes da Câmara para encaminhar a urgência de sua votação, segundo Lira.
Carne
Tudo começou quando Bompard publicou um comunicado, na quarta-feira, 20, para acenar aos produtores franceses preocupados com a possibilidade de aprovação do acordo entre União europeia e Mercosul.
O CEO do Carrefour anunciou que comprometia a não vender qualquer carne do Mercosul na França, em resposta à "consternação e a raiva dos agricultores face à proposta de acordo de comércio livre entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de se espalhar pelo mercado francês uma produção de carne que não respeita suas exigências e normas"
Esse anúncio resultou em um boicote de empresas brasileiras como JBS e Marfrig ao Carrefour no Brasil. Na carta em que pediu desculpas, Bompar prometeu que sua empresa seguirá "prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil".
Governo Lula
Como disse Lira, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, se deu por satisfeito com a explicação. "Episódio superado", disse o ministro ao ser questionado durante evento em São Paulo. "Foi uma atitude intempestiva do CEO do Carrefour e que foi corrigido em tempo, e agora é vida que segue", finalizou Fávaro.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, também se disse satisfeito com a pedido de desculpas de Bompard.
"A grande celeuma que gerou a nossa nota de repúdio, e de todas as outras entidades, juntos, posteriormente, era dizer que não cumprimos com as normas e que não teríamos qualidade", explicou.
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