Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foi intimado pela Polícia Federal a prestar um novo depoimento, nesta terça-feira (19/11), às 14h, na sede da corporação em Brasília. A intimação ocorre após a PF recuperar dados que tinham sido apagados de aparelhos eletrônicos de Cid, segundo apuração do site Metrópoles.
A intenção da Polícia Federal é questionar o tentente-coronel sobre eventuais omissões em sua colaboração premiada, que estĂĄ sendo reavaliada pelos investigadores.
Cid teve a colaboração firmada pela Polícia Federal com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em setembro de 2023. No entanto, o tenente-coronel criticou a própria delação, afirmando que foi pressionado a "confirmar a narrativa deles", o que levou Cid a ser preso, novamente, pela acusação de tentar tumultuar a investigação.
Depois disso, ele foi solto dois meses depois ao confirmar ao STF o conteúdo da sua delação e sua voluntariedade nos depoimentos.
A defesa de Mauro Cid, em nota, afirmou que ele "sempre esteve à disposição da Justiça, respondendo a tudo que lhe perguntado. Se ainda hĂĄ algo a ser esclarecido, ele o farĂĄ, com toda presteza".
Inquérito
A PF conseguiu recuperar os arquivos utilizando um software israelense da perícia. Segundo os investigadores, foi justamente a descoberta dessas informações que atrasaram a conclusão do inquérito sobre a suposta trama golpista supostamente articulada no PalĂĄcio do Planalto no fim do mandato de Jair Bolsonaro.
A investigação da Polícia Federal visa descobrir se o ex-presidente Jair Bolsonaro mobilizou a estrutura estatal para dar um golpe de Estado que o manteria no poder e impediria a posse do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT).
O acordo de colaboração prevĂȘ o compromisso do delator em falar tudo que estĂĄ em seu conhecimento sobre o caso. Se essa premissa não for cumprida, existe o risco ddos benefícios da delação serem anulados.
Operação Contragolpe
O novo depoimento de Mauro Cid estĂĄ marcado para o mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou a Operação Contragolpe, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que teria planejado um golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do então presidente eleito Lula e atacar o Poder JudiciĂĄrio
A operação mira os "kids pretos", que seriam militares da ativa e da reserva. Além deles, um policial federal foi preso.
Segundo a PF, havia um planejamento operacional, denominado "Punhal Verde e Amarelo", para matar Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, além do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
Um dos alvos é o general da reserva MĂĄrio Fernandes, que foi secretĂĄrio-executivo da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia no governo Jair Bolsonaro e hoje é assessor do deputado federal Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde de Bolsonaro.
Outros "kids pretos" presos:
Também foi preso o policial federal Wladimir Matos Soares.