Num clima muito diferente da reta final do primeiro turno da eleição para prefeito de São Paulo, os últimos dias da campanha de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição na capital paulista, tĂȘm sido focados em administrar a vantagem que o atual prefeito mostra ter sobre o seu adversĂĄrio na disputa, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), de acordo com as pesquisas eleitorais.
Os levantamentos mais recentes, do Real Time Big Data, da Futura IntligĂȘncia e do ParanĂĄ Pesquisas, divulgados entre esta terça-feira e quarta, 22 e 23 de outubro, apontam Nunes na liderança com uma diferença significativa em relação a Boulos.
Membros do QG do emedebista evitam, contudo, o clima de "jĂĄ ganhou" e apostam, segundo eles, em trabalho e na busca de voto até o "último minuto" da disputa, neste domingo, 27. Interlocutores também minimizam a possibilidade de virada de Boulos por causa da rejeição ao psolista, apontada em 56% na pesquisa Datafolha de 17 de outubro.
"O estamos fazendo é trabalhar. Ninguém ganha e ninguém perde a eleição antes do tempo. Por isso que a palavra de ordem é trabalhar, até domingo, às 17h, ninguém ganhou a eleição. E vamos administrando essa vantagem", disse à EXAME um dos aliados do prefeito.
Pelos próximos quatro dias, a campanha de Nunes se divide em trĂȘs frentes. A primeira foca na agenda do prefeito, que se participarĂĄ de atos com outros líderes políticos, de entrevistas à imprensa e do debate da TV Globo nesta sexta-feira, 27.
Em outra frente, interlocutores destacam a mobilização da militância com a campanha corpo a corpo nas ruas. A última dianteira é com a agenda do próprio governo, sem a presença de Nunes, para a inauguração de obras e iniciativas da gestão.
O voto nas "franjas" e de eleitores de Marçal
O objetivo nesta reta final é buscar, sobretudo, o voto do eleitorado das "franjas" da capital paulista. A articulação depende dos prefeitos da Região Metropolitana de São Paulo, recrutados pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal cabo eleitoral de Nunes, logo após a vitória de Nunes e Boulos no primeiro turno.
Ao todo, 35 dos 39 prefeitos de cidades da Grande SP estão apoiado a reeleição do munícipe da capital, inclusive visualmente, com carros de som e materiais grĂĄficos pelas ruas. Além das ĂĄreas mais periféricas, os prefeitos do ABC tĂȘm sido fundamental na campanha, segundo o aliado, para atrair os votos de eleitores de Pablo Marçal (PRTB) na zona Leste, onde o influenciador concentrou mais eleitores em bairros como Tatuapé, Carrão, Vila Formosa, Penha, entre outros na região.
Embora tenham descartado a presença de Marçal no palanque do prefeito que, no primeiro turno, ameaçou a vaga de Nunes por atrair também o eleitorado mais à direita, membros da campanha acreditam que os acenos mais conservadores e apoio na região são suficientes para capturar esses votos.
Aliados negam "pé atrĂĄs" com Bolsonaro
Nesse sentido, soma-se ainda a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta terça, Bolsonaro participou de um almoço com Nunes, Tarcísio e aliados, organizado pela Confraria de Amigos do Vinho Eduardo Saddi (Caves), grupo formado por empresĂĄrios, socialites, militares de alta patente, juristas e políticos de São Paulo.
Durante o encontro, o ex-presidente pediu votos para o atual prefeito e destacou que a "campanha é de Nunes", assim como uma eventual vitória do candidato à reeleição. Bolsonaro também participou de um podcast com o aliado e encerrou a agenda com um culto em um bairro da zona sul.
A agenda foi vista como "positiva" por membros do QG de Nunes, que negaram ressentimentos pela ausĂȘncia de Bolsonaro no primeiro turno e os acenos trocados do ex-presidente a Marçal, quando esse aparecia à frente nas pesquisas.
"Eleição é uma arte de somar, e isso tudo vai se somando. O apoio dos partidos, do presidente, do governador, a aprovação do governo. No primeiro turno, [Bolsonaro] tinha uma eleição no Brasil inteiro de cinco mil municípios e no segundo turno tem uma eleição muito menor. Não tem rancor, nem pé atrĂĄs [com ele]. O que tem é vontade de ganhar a eleição", minimiza um aliado.
A virada do tempo
Ainda que o cenĂĄrio atual não seja como o do primeiro turno para Nunes, o prefeito também tem como obstĂĄculo o risco de uma virada — nesse caso, do tempo.
A capital paulista deve ter pancadas de chuva ao longo desta quarta e estĂĄ em alerta para riscos de alagamentos e queda de ĂĄrvores também na quinta, 24, quando ventos podem se intensificar, com rajadas frequentes de 40 a 60 quilômetros por hora, segundo a empresa de meteorologia Climatempo. O que aumenta o risco de queda de ĂĄrvores que, hĂĄ duas semanas, também influenciaram no apagão que deixou mais de 2,1 milhões de imóveis sem luz pela cidade.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/