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Ex-mais rico do mundo

Ex-mais rico do mundo, Arnault perde R$ 58 bilhões em um dia, e chineses têm tudo a ver com isso


O francês Bernard Arnault, que em abril deste ano era a pessoa mais rica do mundo, segundo o ranking da revista Forbes, perdeu US$ 10,3 bilhões (cerca de R$ 58 bilhões) de sua fortuna em um dia, depois do Grupo LVMH — que ele é o dono — apresentar resultados ruins nesta terça-feira (15).

Agora, seu patrimônio é estimado em US$ 167,2 bilhões (R$ 945 bilhões), com base no fechamento do último pregão. Embora seja um valor estrondoso, representa uma queda de 28,25% na fortuna do bilionário em poucos meses.

Agora ele é "apenas" o 5º lugar na lista de pessoas mais ricas do mundo, atrás de Elon Musk, Larry Ellison, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. (veja a lista completa no fim desta reportagem)

A LVMH é dona de algumas das principais marcas de luxo do mundo (como Louis Vuitton, Dior Fendi e Moët & Chandon), e teve uma queda de mais de 3% em sua receita nos nove primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado. A baixa é mais expressiva, de 4,5%, olhando apenas para a receita dos terceiros trimestres.

O faturamento foi de 60,75 bilhões de euros em nove meses, contra 62,21 bilhões de euros no mesmo intervalo de 2023. O terceiro trimestre registrou pouco mais de 19 bilhões contra quase 20 bilhões no período do ano passado.

Os resultados piores têm motivo: a mudança nos padrões de consumo na China. A Ásia é o principal mercado consumidor de artigos de luxo. A China é o principal motor, com a maior população do mundo e o segundo em número de bilionários, atrás apenas dos Estados Unidos.

Nos nove primeiros meses de 2023, a Ásia (excluindo o Japão) respondeu por 32% de toda a receita da LVMH. Já no mesmo período deste ano, a participação asiática caiu para 29%.

Movimentos semelhantes foram reportados por outras varejistas de luxo nos últimos meses, que destacam a queda na demanda asiática e, mais especificamente, chinesa.

O país asiático, como um todo, passa por um momento de redução do consumo e de dificuldades em continuar crescendo a altos números. No segundo trimestre, a economia chinesa desacelerou de uma base anual de 5,3% para 4,7%, abaixo dos 5,1% esperados pelo mercado.

O país enfrenta uma crise imobiliária importante desde a quebra da incorporadora Evergrande e vê um mercado de trabalho desaquecido, com alta nas taxas de desemprego (hoje em 5,3%), principalmente entre os jovens.

Esse cenário gera insegurança entre os consumidores chineses, que estão priorizando poupar do que gastar — impactando varejistas, inclusive as de luxo

"Nos últimos anos ficaram comuns as fotos e vídeos de consumidores chineses fazendo filas para comprar em lojas de grifes. Mas, com a desconfiança de como será a economia daqui para a frente, muitos estão freando os gastos", diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Fortalecimento do dólar e taxas de juros altas
Além do enfraquecimento da demanda asiática, o preço do dólar e os juros também impactam os negócios.

Considerada a moeda mais segura do mundo, o dólar ganhou vantagem sobre outras moedas nos últimos anos em meio às incertezas econômicas trazidas pela pandemia, e as guerras da Ucrânia e no Oriente Médio.

Investidores globais levaram os recursos para os Estados Unidos a partir de março de 2022, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) iniciou um ciclo de altas nas taxas de juros dos EUA.

Quando os juros sobem nos Estados Unidos, a rentabilidade dos títulos públicos do país (as Treasuries, consideradas os ativos mais seguros do mundo) também avançam e se tornam mais atrativas para os investidores.

Esse movimento deu força à moeda americana, e ajudou a encarecer os produtos de luxo para consumidores de países com outras moedas mais desvalorizadas, como China e Brasil, por exemplo.

Outros países também elevaram seus juros na mesma época, como aqueles que fazem parte da União Europeia, outro importante polo de consumidores das marcas de luxo.

Embora a parcela super-rica dos clientes de marcas de luxo consiga manter seu poder de compra qualquer que seja o momento econômico, Gustavo Cruz reforça que o público de compras esporádicas precisa escolher o que vai consumir quando há um aperto nas condições financeiras.

"No pós-pandemia, em 2021, 2022, a gente viu uma espécie de "consumo por vingança". As pessoas ficaram muito tempo sem poder comprar e sentiam que mereciam aqueles luxos, comprar coisas com o que economizaram ou ganharam no período", comenta.

Essa equação que soma o custo do crédito elevado, um dólar mais caro e os aumentos nos preços promovidos pelas grifes tradicionais contribuiu também para uma procura por novas marcas de luxo, mais desconhecidas e com preços mais atrativos, mas ainda com produtos diferenciados.

Por fim, mercados que são grandes consumidores de luxo, como China, também passaram a produzir seus próprios produtos de alto padrão, como a Ms Min, o que aumenta a concorrência.

Prejuízos para os bilionários do setor de luxo
Em abril deste ano, o ranking anual de bilionários da revista Forbes mostrou que a pessoa mais rica do mundo era o francês Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH. Na época da publicação, a fortuna dele era estimada em US$ 233 bilhões (cerca de R$ 1,32 trilhão, na atual cotação do dólar).

Poucos meses depois, no entanto, o bilionário não apenas deixou de ser o mais rico do mundo como caiu da primeira para a quinta posição do ranking, com uma perda de US$ 65,8 bilhões (R$ 372 bilhões) em seu patrimônio.

Até esta terça-feira (15), a fortuna de Arnault era estimada em US$ 167,2 bilhões (R$ 945 bilhões), uma queda de 28,25% em relação ao início do ano. Essa baixa acompanha a desvalorização de cerca de 18% nas ações da LVMH em 2024 até agora.

E essa não é a única companhia do segmento de luxo que vem sofrendo em 2024 com a fraca demanda chinesa, principalmente. Veja o desempenho das ações de outras empresas do setor neste ano:

Setor deve se recuperar
O varejo de luxo é visto por especialistas do mundo inteiro como um setor bastante resiliente às oscilações trazidas pelos ciclos econômicos, justamente por ter como principal público os super-ricos.

Gustavo Cruz explica que esse público tende a mudar de maneira bem menos intensa os seus padrões de consumo do que pessoas de classe baixa e classe média.

Assim, apesar dos desafios atuais, especialistas ouvidos concordam que as marcas de luxo devem se recuperar, e voltar a mostrar um bom crescimento em vendas e no desempenho das ações. E esse avanço deve contribuir para que o patrimônio dos seus donos e herdeiros volte a aumentar.

"O setor como um todo pode estar passando por um período de turbulência, mas empresas sólidas como essas tendem a se recuperar à medida que as condições de mercado melhoram", pontua Thiago Kurth Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise.

A recuperação deve ser puxada, inclusive, pela melhora dos dois fatores que contribuíram para a queda: a China e os juros.

No mês passado, o Banco Central da China anunciou um pacote de medidas sem precedentes para estimular a economia do país, com o objetivo de fomentar o consumo entre a população.

As medidas envolvem cortes nas taxas de juros, corte nas taxas de depósito compulsório dos bancos (que permite mais empréstimos), redução de juros de hipotecas já existentes e na entrada mínima para compra de imóveis e estímulos ao mercado de ações.

Com os juros menores e melhora nas condições, o mercado espera que a China consiga voltar a aquecer a economia e, como consequência, a demanda pelos produtos queridinhos dos chineses deve aumentar — o que inclui, por óbvio, o mercado de luxo.

E os juros também começaram a cair em outras partes do mundo. O destaque vai para os Estados Unidos. No dia 18, o Fed reduziu suas taxas em 0,50 ponto percentual, para um patamar entre 4,75% e 5%. O mercado projeta novos cortes nos próximos meses.

"Uma abordagem de longo prazo e uma avaliação cuidadosa dos fundamentos continuam sendo cruciais para investidores nesse setor volátil, mas promissor", conclui Kurth Guedes.

Os 10 mais ricos do mundo, segundo a Forbes
Elon Musk, com US$ 247,7 bilhões
Larry Ellison, com US$ 208,8 bilhões
Jeff Bezos, com US$ 205,3 bilhões
Mark Zuckerberg, com US$ 199,9 bilhões
Bernard Arnault, com US$ 167,2 bilhões
Warren Buffett, com US$ 146,2 bilhões
Larry Page, com US$ 137,8 bilhões
Amancio Ortega, com US$ 133,5 bilhões
Sergey Brin, com US$ 132,0 bilhões
Steve Ballmer, com US$ 121,6 bilhões

agoranoticiasbrasil.com.br

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