Uma das principais autoridades
eleitorais da Venezuela, Juan Carlos Delpino, membro do Conselho Nacional
Eleitoral (C.N.E.), fez uma declaração que pode abalar profundamente o país. Em
entrevista, Delpino revelou que "não há provas" de que Nicolás Maduro realmente
venceu as eleições realizadas no último dia 28 de julho. Essa declaração
representa a primeira grande crítica vinda de dentro do próprio sistema
eleitoral venezuelano.
Desde o dia da votação, a
legitimidade da reeleição de Maduro tem sido amplamente questionada por
governos ao redor do mundo, que expressaram ceticismo e descrença em relação à
reivindicação de vitória. No entanto, a confissão de Delpino, que é um dos dois
membros do conselho eleitoral alinhados à oposição, é um marco, indicando
falhas graves dentro do processo eleitoral.
Delpino afirmou que "não havia
recebido nenhuma evidência" de que Maduro obteve a maioria dos votos e criticou
duramente o órgão eleitoral por "falhar com o país" ao declarar o ditador como
vencedor sem provas. Ele pediu desculpas ao povo venezuelano, dizendo estar
"envergonhado" pelo fracasso em realizar eleições transparentes e aceitas por
todos.
Delpino, que falou sob condição de
anonimato por medo de represálias, destacou que as forças de segurança de
Maduro têm reprimido duramente qualquer forma de dissidência, detendo pessoas
que questionam o resultado das eleições. Desde sua nomeação para o C.N.E. em
agosto passado, Delpino foi visto como uma tentativa de dar ao conselho um ar
de equilíbrio e legitimidade, mas sua recente declaração sugere uma realidade
diferente.
Nas eleições de julho, Maduro foi
declarado vencedor por Elvis Amoroso, presidente do conselho eleitoral e aliado
de longa data do ditador, com uma alegada maioria de votos. No entanto, até o
momento, Amoroso não apresentou documentação que comprove a vitória de Maduro,
enquanto a oposição já coletou registros impressos de mais de 25.000 urnas
eletrônicas que indicariam a vitória do candidato opositor, Edmundo González.
Essa revelação de Delpino pode ter um
impacto significativo na já conturbada política venezuelana, levantando novas
dúvidas sobre a legitimidade do governo de Maduro.
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