De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), o fenômeno climático El Niño já está em curso e é provável que produza condições climáticas extremas ainda este ano, incluindo temperaturas acima da média.
Ao contrário do padrão climático La Nina, que reduz ligeiramente as temperaturas globais e foi dominante nos últimos três anos, o El Niño está associado a um aumento das temperaturas em todo o mundo.
"Dependendo de sua força, o El Nino pode causar uma série de impactos, como aumentar o risco de chuvas fortes e secas em certos locais do mundo", disse a cientista do clima da NOAA Michelle L"Heureux nesta quinta-feira (8) em um comunicado no site da NOAA.
"A mudança climática pode exacerbar ou mitigar certos impactos relacionados ao El Nino. Por exemplo, o El Nino pode levar a novos recordes de temperatura, particularmente em áreas que já experimentam temperaturas acima da média durante o El Nino", observou L"Heureuz.
O El Nino nasce de águas excepcionalmente quentes no Pacífico Leste, perto da costa da América do Sul, e costuma ser acompanhado por uma desaceleração ou reversão dos ventos alísios de leste.
O El Niño é caracterizado por um aquecimento acima da média no oceano Pacífico, próximo à linha do Equador, o que modifica a circulação dos ventos alísios de leste a oeste, resultando no aquecimento das águas e no aumento da umidade nas costas das Américas, Ásia e Oceania.
Como consequência, podem ocorrer ciclones tropicais em direção a ilhas vulneráveis do Pacífico, secas na Austrália, chuvas intensas na América do Sul e ondas de calor intenso, o que pode afetar o Brasil. Observou-se que, na última vez em que o El Niño prevaleceu, foi registrado o ano mais quente da história, o que ocasionou secas intensas e a maior queimada já contabilizada na Amazônia.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) do Brasil, o El Niño geralmente intensifica a corrente de jato subtropical, que é um vento que sopra na região subtropical de oeste para leste a cerca de 10 quilômetros de altitude. Esse vento pode bloquear as frentes frias sobre o Sul do país e provocar excesso de chuva nos meses de inverno e primavera. Por outro lado, há menos chuva nos meses de outono e verão na região Norte e Nordeste, enquanto no Sudeste e Centro-Oeste ainda não há evidências de qualquer efeito nas chuvas característicos da região.
A Austrália alertou nesta semana que o El Nino trará dias mais quentes e secos para um país vulnerável a incêndios florestais ferozes, enquanto o Japão disse que o El Nino em desenvolvimento foi parcialmente responsável por sua primavera mais quente já registrada.
A influência do fenômeno nos Estados Unidos é fraca durante o verão, mas mais pronunciada a partir do final do outono até a primavera, disse a NOAA em seu comunicado.
No inverno, há uma chance estimada de 84% de um El Nino "maior que moderado" se desenvolver e uma chance de 56% de um forte El Nino.
Isso normalmente causaria condições mais úmidas do que a média em algumas partes do país, desde o sul da Califórnia até a costa do Golfo do México, mas condições mais secas do que a média no noroeste do Pacífico e no vale de Ohio.
Também aumenta as chances de temperaturas mais quentes do que a média nas partes do norte do país.
De acordo com um estudo publicado no mês passado na revista Science, o El Nino deste ano pode levar a perdas econômicas globais de US$ 3 trilhões, pois o clima extremo dizima a produção agrícola, a manufatura e ajuda a espalhar doenças.
Gazeta Brasil