Mendonça atendeu a pedidos da
Advocacia-Geral da União (AGU) e de empresas, algumas em recuperação judicial,
que alegaram precisar de mais tempo para estabelecer os cronogramas de
pagamento e redigir os termos do novo acordo, diante da alta complexidade das
negociações.
O mesmo argumento – a necessidade
de se estabelecer um novo cronograma de pagamentos – já havia sido utilizado
anteriormente pelas partes envolvidas, em pedido anterior por mais prazo. Dessa
vez, a AGU acrescentou que uma greve de servidores da Consultoria-Geral da
União atrapalhou os trabalhos.
Em fevereiro deste ano, Mendonça
deu prazo de 60 dias para os órgãos públicos e as empresas interessadas
renegociarem os termos dos acordos de leniência. Em julho, ele já havia
prorrogado esse prazo por 30 dias, medida que agora repete.
"No prazo ora concedido, a
Controladoria-Geral da União, a Advocacia-Geral da União e a Procuradoria-Geral
da República deverão juntar aos autos os instrumentos de renegociação ou, em
caso de insucesso, as respectivas informações e justificativas", escreveu
Mendonça na mais recente decisão, assinada nessa quarta-feira (21).
Ao final do novo prazo de 30
dias, Mendonça determinou que os autos do processo sejam devolvidos ao seu
gabinete, "com ou sem manifestação" dos órgãos competentes. Até lá, seguem
suspensas as obrigações das empresas previstos no acordo de leniência anterior.
No pedido que fez na semana
passada por mais tempo, o advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que não
haverá novo pedido de prorrogação do prazo. "Da parte da União, é o último
pedido. Não haverá mais prorrogação. Quem firmar conosco o acordo, nós
encaminharemos ao Supremo. Quem não firmar, infelizmente, nós daremos por
concluída a negociação", afirmou.
Entenda
Pelos acordos de leniência, as empresas concordam em ressarcir o erário e
colaborar com investigações. Em troca, podem continuar a firmar contratos com a
administração pública.
Diversas empresas dos ramos de
petróleo, gás, tecnologia e construção civil fecharam acordos de leniência com
o governo, durante o auge das investigações da Lava Jato. Anos depois, contudo,
algumas dessas companhias alegaram não ter como honrar os pagamentos. Parte
delas encontra-se em recuperação judicial.
Relator do tema no Supremo,
Mendonça concedeu os pedidos para que os acordos fossem renegociados. O
ministro tomou a decisão depois que os partidos Psol, PCdoB e Solidariedade
ingressaram com uma ação de descumprimento de preceito fundamental no Supremo,
a ADPF 1051, alegando ilegalidades nas negociações anteriores.
As novas cláusulas propostas pela
Controladoria-Geral da União (CGU) e a AGU devem levar em conta a capacidade de
pagamento das empresas. O Ministério Público Federal (MPF) também participa das
renegociações, por meio da Procuradoria-Geral da República (PGR), e deve
concordar com os novos termos.
Além de diversas companhias
menores, ao menos seis grandes empreiteiras participam das renegociações – Nova
Engevix, UTC, Andrade Gutierrez, Novonor (antiga Odebrecht), Camargo Correa e
Metha/Coesa (antiga OAS). Segundo relato da AGU, já houve "a aceitação pelas
empresas da oferta final".
Pela proposta já em andamento, as
empresas podem ficar isentas de multa moratória sobre as parcelas vencidas, ter
isenção de juros moratórios sobre o saldo devedor até 31 de maio deste ano e
utilizar créditos de prejuízo fiscal para abater a dívida.
Os descontos não poderão passar
de 50% do saldo devedor. O valor atualizado da dívida das companhias com o
governo é R$ 11,8 bilhões, segundo cálculos da CGU.
Fonte: Com informações da Agência Brasil