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Senadora que substituiu Dino direcionou mais de R$ 19 milhões em emenda Pix

Por Blog do Elias Hacker 20/08/2024 às 07:03:24

A senadora Ana Paula Lobato (PDT-MA), que exerceu a função quando FlĂĄvio Dino era ministro da Justiça e Segurança Pública e assumiu o posto novamente após a renúncia dele para atuar como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), é um dos 535 congressistas autores de emendas individuais de transferĂȘncia especial, mais conhecidas como "emendas Pix", ao Orçamento da União de 2024.

A líder do PDT no Senado direcionou mais de R$ 19,8 milhões do Orçamento por meio desse tipo de emenda, em que falta transparĂȘncia. Do total, R$ 11,3 milhões foram pagos pelo governo até o momento.

Neste mĂȘs, em duas decisões, o ministro FlĂĄvio Dino condicionou a execução das emendas Pix ao cumprimento dos requisitos constitucionais da transparĂȘncia e da rastreabilidade e de fiscalização pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Uma delas foi proferida no âmbito de uma ação apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com pedido para que essas emendas sejam declaradas inconstitucionais.

Emendas parlamentares são um instrumento por meio do qual os membros do Legislativo podem influenciar na definição de como o dinheiro público serĂĄ gasto. Por meio delas, os congressistas podem financiar diretamente uma obra ou projeto em suas bases eleitorais, por exemplo.

Nas emendas Pix, criadas em 2019, o estado ou município recebe o dinheiro do Orçamento da União indicado por um deputado federal/senador e decide por conta própria no que investir, sem precisar informar o governo federal sobre o destino do montante. É chamada dessa forma por ser uma transferĂȘncia simplificada. Pelo modo como funciona, porém, é menos transparente.

A ação da PGR ressalta que o sistema gera perda de transparĂȘncia, de publicidade e de rastreabilidade dos recursos orçamentĂĄrios federais, e ofende diversos princípios constitucionais, como o pacto federativo, a separação dos Poderes e os limites que a Constituição estabeleceu para a reforma ou mudança do seu texto.

Na última sexta-feira (16), o plenĂĄrio do Supremo Tribunal Federal manteve as duas liminares concedidas por Dino, assim como uma terceira recente do magistrado que suspendeu todas as emendas impositivas apresentadas por congressistas ao Orçamento da União até que o Congresso edite regras que garantam transparĂȘncia na transferĂȘncia dos recursos.

As impositivas são aquelas com execução orçamentĂĄria (empenho e liquidação) e financeira (pagamento) obrigatória. Elas abrangem as emendas individuais de transferĂȘncia especial, as individuais de transferĂȘncia com finalidade definida e as de bancada.

Em suas decisões, Dino autoriza, excepcionalmente, a continuidade da execução das emendas nas hipóteses de obras em andamento e de calamidade pública devidamente reconhecida pela Defesa Civil.

Mais de R$ 69,6 milhões em emendas
Considerando todas as emendas individuais de Ana Paula Lobato, ela direcionou mais de R$ 69,6 milhões do Orçamento de 2024. Todo o montante é para ações no Maranhão, estado pelo qual é senadora. Foram pagos R$ 46,2 milhões até o momento.

As de transferĂȘncia com finalidade definida são para incremento temporĂĄrio ao custeio de serviços de atenção primĂĄria à saúde para cumprimento de metas; incremento temporĂĄrio ao custeio de serviços de assistĂȘncia hospitalar e ambulatorial para cumprimento de metas; apoio à política nacional de desenvolvimento urbano voltado à implantação e qualificação viĂĄria; apoio a projetos de desenvolvimento sustentĂĄvel local integrado; e fomento ao setor agropecuĂĄrio.

Lobato substituiu Dino no Senado porque era sua primeira suplente. Quando foram eleitos, em 2022, com 2.125.811 votos, ambos eram filiados ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Ela se filiou ao Partido DemocrĂĄtico Trabalhista (PDT) em abril deste ano.

Dino não é autor de nenhuma emenda parlamentar ao Orçamento de 2024.

No total, o Orçamento de 2024 prevĂȘ R$ 49,17 bilhões para emendas parlamentares. As individuais respondem por R$ 25,07 bilhões para individuais, e as emendas Pix, por R$ 8,21 bilhões. Foram pagos, até o momento, R$ 23,18 bilhões, R$ 14,09 bilhões e R$ 4,48 bilhões, respectivamente.

Líderes da Câmara e do Senado trabalham em uma alternativa para dar mais transparĂȘncia a emendas parlamentares e afastar as restrições impostas pelo STF no envio de recursos a bases eleitorais. Estratégias foram analisadas ao longo da última semana e devem marcar os próximos dias no Congresso, assim como uma posição crítica de congressistas aos movimentos da Corte.

Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/

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