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As apostas online têm
ganhado cada vez mais espaço no Brasil, mas nem sempre trazem o retorno
esperado. Economistas do Itaú divulgaram um estudo revelando que os brasileiros
perderam R$ 23,9 bilhões com apostas entre junho de 2023 e junho de 2024.
Segundo o levantamento, foram gastos R$ 68,2 bilhões em apostas e taxas de
serviço, mas os prêmios recebidos somaram apenas R$ 44,3 bilhões.
Os analistas Luiz Cherman e
Pedro Duarte, responsáveis pelo estudo, extraíram os valores do balanço de
pagamentos do Banco Central, que alterou sua metodologia de registro em janeiro
de 2023. A partir dessa data, o dinheiro gasto com apostas passou a ser
contabilizado como "serviços culturais, pessoais e recreativos" e como "renda
secundária". Essa mudança inflou os valores registrados nessas categorias,
destacando a dimensão do mercado de apostas no país.
Para entender melhor essa
explosão de valores, os economistas compararam os dados antes e depois da
mudança metodológica do Banco Central. Antes da alteração, o gasto com os
serviços mencionados ficava em torno de R$ 3,3 bilhões por ano. Após a mudança,
os gastos saltaram para R$ 47,4 bilhões, com R$ 44,1 bilhões sendo atribuídos
especificamente às apostas.
Da mesma forma, as entradas
de dinheiro aumentaram de R$ 9,5 bilhões para R$ 53,7 bilhões, resultando em
valores prêmios estimados de R$ 44,3 bilhões. As taxas de serviço, cobradas
pelos sites de apostas, são responsáveis pelo desbalanço entre os montantes
apostados e os prêmios concedidos, segundo o estudo, somando R$ 24,1 bilhões.
As altas taxas de serviço
cobradas pelos sites de apostas, que o Banco Central estima em cerca de 20%,
impactam significativamente o saldo final das bets. Pedro Duarte, um dos
economistas envolvidos no estudo, afirma que essas taxas representam a principal
receita dos sites de apostas. Sem essas taxas, o valor total apostado seria
redistribuído entre os vencedores, tornando o mercado mais justo para os
apostadores.
Para garantir o lucro, as
casas de apostas usam empresas especializadas em estatísticas que fornecem as
"odds" (probabilidades em inglês), baseadas em cálculos precisos. Essas odds
determinam quanto pagar aos vencedores, assegurando que a banca sempre fique no
azul.
O saldo negativo de R$ 23,9
bilhões nas apostas representa 0,2% do PIB brasileiro em 2023. Através dessa
perspectiva, isso também equivale a 0,3% do consumo total e 1,9% da massa
salarial. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Legal, Magno
José, as apostas movimentam cerca de R$ 110 bilhões ao ano no Brasil, com as
casas de apostas faturando aproximadamente R$ 14 bilhões anualmente.
A popularidade das bets
aumentou significativamente após as propagandas durante a Copa do Mundo de
2022. O governo brasileiro busca regulamentar o mercado para tributar
corretamente o setor e limitar o investimento desproporcional em publicidade.
Entretanto, o Ministério da Fazenda destaca a dificuldade em precisar o
montante exato devido à falta de informações oficiais sobre o volume atual de
apostas.
O estudo do Itaú, que utilizou uma metodologia semelhante à da Folha,
oferece uma visão detalhada do mercado de apostas no Brasil. Apesar da rejeição
do Itaú à hipótese de que as apostas impactem negativamente o varejo, a
comparação entre a situação dos varejistas e os sites de apostas mostra uma
mudança no comportamento de consumo das famílias brasileiras.
As regulações e a reforma
tributária em curso podem moldar o futuro das apostas no Brasil, tornando-o
mais transparente e favorável para todos os envolvidos. Enquanto isso, os
estudiosos continuam a buscar dados mais precisos para entender a real
magnitude e impacto desse mercado em constante crescimento.
Fonte: terrabrasilnoticias.com