Milhares de venezuelanos saíram às ruas neste
sábado (17), tanto dentro quanto fora do país, para protestar contra os
controversos resultados da eleição de 28 de julho divulgados pelo Conselho
Nacional Eleitoral (CNE), que deram a vitória ao atual presidente Nicolás
Maduro sem apresentar os números por centro e mesa.
"Não vamos deixar as ruas, é nosso direito (
) com
inteligência, com prudência, com resiliência, com audácia e pacificamente,
porque a violência convém a eles. Nós não atacamos outros venezuelanos", disse
a líder opositora venezuelana, María Corina Machado, durante a marcha em
Caracas.
Machado acrescentou que deve haver uma verificação
independente internacional porque "ninguém acredita nessa farsa que estão
fazendo agora. Alguém acredita nessa manobra do CNE? Ninguém acredita. E essa
manobra, representantes no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), é uma confissão
de sua derrota. Já se passaram três semanas e não deram nem um número".
Além disso, a líder opositora convocou o governo de
Maduro a mostrar seus documentos e, sobre a possibilidade de que supostamente
pudessem imprimir documentos eleitorais falsos, afirmou: "Por aí tem gente
dizendo que em três semanas já poderiam mandar imprimir documentos falsos.
Quero ver, se esforcem."
Na convocação, o Comando Nacional de Campanha da
líder opositora María Corina Machado e do candidato Edmundo González pediu para
que as pessoas saíssem às ruas em diversas cidades: "Os olhos do mundo estão na
Venezuela neste sábado", escreveram.
"Na cidade onde você estiver, poste sua foto ou
vídeo com a hashtag #EuSaíPorVzla para que o mundo veja do que são feitos os
venezuelanos. Que nenhum venezuelano no mundo fique em casa", adiciona a
publicação nas redes sociais.
Horas antes do início das manifestações convocadas
para este sábado pela oposição na Venezuela, Machado divulgou uma mensagem na
qual reiterou que a meta dos opositores é que Maduro "tenha que aceitar os
termos de uma negociação para a transição à democracia".
"Temos a força, estamos unidos, o mundo nos apoia.
A Venezuela será livre", conclui Machado em sua mensagem.
Horas depois, a líder opositora foi vista na
protesto em Caracas. Era a primeira vez que ela aparecia em público desde a
manifestação anterior, em 3 de agosto.
Edmundo González, candidato à presidência
venezuelana pela coalizão oposicionista, também divulgou uma mensagem
incentivando os venezuelanos fora do país a se unirem aos atos contra o governo
de Nicolás Maduro.
"Em qualquer lugar do mundo onde um venezuelano
esteja hoje, sei que há alguém lutando para fazer respeitar a decisão de
mudança expressa em 28 de julho. A imensa maioria dos venezuelanos que estão
fora não puderam votar, mas o que não poderão lhes tirar é o amor pelo seu país
e o desejo de democracia e liberdade para a Venezuela", disse González Urrutia.
Em outra mensagem, após as primeiras concentrações,
o candidato opositor acrescentou: "O regime, em vez de se preparar para uma
transição pacífica, decidiu perseguir, prender e assassinar compatriotas que
apenas pediram o respeito pela sua vontade majoritária."
Por volta do meio-dia, hora local, foram
registrados alguns distúrbios nas ruas de Maracaí, em meio a uma forte presença
policial na capital venezuelana, que desde a manhã havia se posicionado em
alguns dos locais de convocação.
Protestos pelo mundo
Como se atendendo o pedido dos opositores de Maduro, fotos das concentrações em
edifícios emblemáticos de várias cidades do mundo, como Atlanta, Barcelona,
Copenhague, Bruxelas, Praga, Londres e Amsterdã, entre outras, foram divulgadas
em redes sociais.
Em Dublin, dezenas de venezuelanos cantavam o hino
nacional da Venezuela, enquanto em Paris entoavam a palavra "freedom"
(liberdade). Ainda neste sábado em Londres, na Inglaterra, um grupo de
venezuelanos também foi às ruas pedir por liberdade. Mobilizações semelhantes
também foram registradas em Seul, Coreia do Sul, e em Melbourne, Austrália.
Denúncia de roubo
A campanha da oposição denunciou, no X, que o governo de Maduro roubou um
caminhão usado pela líder María Corina Machado e por Edmundo González para
participarem dos protestos pelo país.
Segundo a publicação, o roubo teria acontecido
neste sábado depois da concentração na capital Caracas, quando o evento já
havia terminado e a equipe estava prestes a guardar o veículo.
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