Com hábitos alimentares próprios e
paladares um tanto sofisticados, os gatos ganham fama e incontáveis memes na
internet. Quem nunca viu uma publicação de um gato reclamando que está passando
fome em frente ao comedouro cheio, por exemplo? Embora seja divertido rir
desses comportamentos, compreender as peculiaridades da espécie facilita a vida
do tutor e colabora com a qualidade de vida dos bichanos.
A médica-veterinária e consultora da
DrogaVET, Farah de Andrade, revela alguns mitos e verdades sobre os felinos.
Os felinos são
carnívoros – VERDADE
Assim como os felinos de grande porte
(tigres, onças, entre outros), os gatos domésticos também são carnívoros
obrigatórios, o que significa que sua dieta natural é composta principalmente
de carne. Na natureza, a ingestão de folhas, grãos e vegetais é feita em menor
proporção e por meio dos alimentos contidos no estômago das presas. Por isso, a
alimentação natural e as rações incluem também legumes, verduras e até mesmo
carboidratos, em menor proporção.
Algumas características do organismo
dos gatos são exclusivas de carnívoros, como ter menos dentes molares e
pré-molares, se comparados aos cães, e dentes caninos maiores para perfurar e
rasgar a carne das presas. O sistema digestório é mais simples, pois há baixa
ingestão de fibras e carboidratos, tendo o estômago menor e o intestino mais
curto que outras espécies. Além disso, o gato não possui a enzima que dá início
à digestão dos carboidratos na boca, a amilase salivar.
Os gatos não sentem
o sabor doce - VERDADE
Outra característica curiosa é não
conseguirem detectar o sabor doce devido à ausência de um receptor
específico e ao número de papilas gustativas reduzidas, cerca de 500, enquanto
os humanos possuem mais de 9 mil. No entanto, os sabores amargo, salgado e
ácido são percebidos pelos felinos.
Embora o paladar não seja como o
nosso, o olfato é o sentido mais utilizado: os gatos têm três vezes mais
células olfativas do que os humanos. Por isso, a alimentação deve ser bem
cheirosa e a interferência de outros odores junto aos comedouros deve ser
evitada, como o uso de produtos de limpeza e essências para o ambiente.
Os bichanos são
seletivos para comer porque são mimados – MITO
O que parece frescura, na verdade é o
instinto de proteção dos felinos. A ração que fica exposta por muito tempo
perde o frescor, o odor e pode até proliferar microrganismos, o que é
interpretado pelo gato como um alerta de perigo. Além disso, eles não gostam de
encostar os bigodes nos potes e podem se recusar a comer os grãos de ração que
ficam nos cantos. A veterinária lembra também que o ideal é disponibilizar a
alimentação mais vezes ao dia e na quantidade necessária para o período. Os
gatos preferem fazer várias pequenas refeições, em vez de consumir grandes
quantidades de uma só vez, assim como seus ancestrais selvagens, que capturavam
pequenas presas diversas vezes ao dia.
Considerando ainda a ancestralidade,
a preferência por alimentos úmidos e suaves vem da semelhança com carne fresca.
"Esse fator também pode ser considerado quando o gato precisa de um tratamento.
Eles não costumam aceitar a ingestão de comprimidos, mas podem se adaptar
facilmente com medicamentos manipulados em formas úmidas, como molhos e pastas
orais, e se sentirem atraídos pelos flavorizantes de peixe, frango, carne e
queijo, por exemplo", ressalta a veterinária. A DrogaVET é pioneira em
manipulação veterinária, oferecendo cerca de 20 formas farmacêuticas e 30
flavorizantes que facilitam a adesão ao tratamento de diversas espécies.
Os hábitos alimentares adquiridos nos
primeiros 6 meses de vida também influenciam as escolhas quando adultos. Se
experimentarem texturas e sabores variados quando filhotes, se adaptarão mais
facilmente a dietas diversificadas.
Os gatos preferem o
sabor de peixe - MITO
A clássica cena dos desenhos animados
com gatos enfeitiçados pelo sabor de peixe não é tão verdadeira. Na natureza,
os felinos caçam mais aves e roedores. Por isso, rações e alimentação natural
com carne bovina, de cordeiro e, especialmente, frango costumam fazer muito
sucesso. "Devemos observar o apetite do pet com a ração ou alimentação. Se ele
não parecer tão motivado ao se alimentar é importante testar um novo sabor,
lembrando que a troca de ração deve ser gradativa para não afetar o sistema
digestório do animal. Além disso, gatos não devem ficar longos períodos sem se
alimentar. Então, nada de experimentar deixar o gato sem comer na tentativa de
que ele aceite o sabor disponível", alerta Farah.
A veterinária também revela que na
rotina da farmácia o sabor frango é o mais pedido, seguido por salmão e atum.
"Conhecer o paladar e o que estimula o olfato do pet é crucial, não somente
para a dieta do animal, mas também para quando ele precisa de um tratamento".
Além das peculiaridades alimentares
dos bichanos, é importante considerar os cuidados com a higiene para garantir a
aceitação dos alimentos e a saúde do pet. É recomendável manter um local fixo
para os comedouros, sempre longe da caixa de areia, e lavá-los após a
alimentação para evitar a proliferação de microrganismos.