YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A Polícia Civil do Maranhão investiga a origem do dinheiro encontrado e
apreendido no porta-malas de um carro em São Luís, na terça-feira (30). Agentes
apreenderam ao todo R$ 1,1 milhão em espécie.
Uma das hipóteses sob investigação é a de que o valor seria destinado a
propina ou cooptação de líderes de bairro, segundo policiais ouvidos pela
reportagem.
O veículo foi deixado abandonado, e a polícia foi chamada pela síndica
de um condomínio. Quando os agentes chegaram, um homem identificado como Carlos
Augusto Diniz da Costa se apresentou informalmente como o proprietário do
veículo. Ele é servidor da secretaria municipal de Informação e Tecnologia da
Prefeitura de São Luís, mas foi exonerado após a divulgação do caso.
A defesa de Carlos Augusto não foi encontrada pela reportagem. Procurada
por telefone e mensagens, a Prefeitura de São Luís não retornou aos contatos.
A propriedade do veículo também está sob investigação. O carro está em
nome de uma pessoa e com intenção de compra de uma terceira, que não é Carlos
Augusto.
Na delegacia, Carlos Augusto permaneceu em silêncio. Ele foi intimado
duas vezes, segundo a polícia, mas não explicou a origem do dinheiro nem se e
como adquiriu o carro.
A polícia investiga ainda a participação de Guilherme Teixeira, assessor
do deputado estadual Fernando Braide (PSD), irmão do prefeito de São Luís
Eduardo Braide (PSD). A defesa de Guilherme não foi encontrada.
"Por enquanto não dá para dizer que há um crime. Mas há indícios de que
o dinheiro possa ter origem ilícita", afirma o delegado Augusto Barros, da Seic
(Superintendência de Investigações Criminais).
"A partir do que ouvimos de testemunhas, investigamos se esse dinheiro
pode ser recebimento de propina, ou se poderia ser destinado a propina, ou se
seria destinado para cooptação de lideranças de bairro."
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela Polícia Civil mostram que,
no dia 16 de julho, Carlos Augusto estacionou em uma rua do bairro Renascença
um carro vermelho, que eles suspeitam de que seja o mesmo em que agentes
encontraram, dias depois, R$ 1,1 milhão.
A imagem mostra que Carlos Augusto desembarca do carro vermelho e
embarca na carona de um carro preto, que estava sendo conduzido por Guilherme
Teixeira.
O carro preto está registrado em nome da mãe do prefeito Eduardo Braide,
morta em 2010. A polícia não descarta a possibilidade de convocar o prefeito
para prestar depoimento. Ele pode ser chamado caso a investigação reforce que
havia conhecimento ou omissão sobre o valor encontrado.
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