A ex-presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, uniu-se ao coro de líderes como Lula, Gustavo Petro
(Colômbia) e López Obrador (México), que recomendaram prudência diante das
denúncias de fraude eleitoral na Venezuela.
Em sua primeira declaração sobre a
situação no país, Kirchner destacou a importância de "respeitar o princípio da
não ingerência nos assuntos de outros países".
"Sempre respeitamos na América do Sul
que não somos todos iguais e respeitamos as dignidades culturais. E nesse
sentido, devo reconhecer como princípio orientador que informou a região, e que
deve continuar a informar a região, o que o México tem mantido historicamente:
a não ingerência nos assuntos de outros países, que é o reconhecimento da
soberania política e cultural", afirmou em discurso no México.
Cristina Kirchner expressou apoio ao
comunicado de Lula, Petro e López Obrador, que optaram pela abstenção na
votação da Organização dos Estados Americanos (OEA). A resolução pedia que o
Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apresentasse as atas da votação
ocorrida em 28 de julho.
No entanto, Kirchner enfatizou a
necessidade de transparência nos resultados: "Peço, mas não só pelo povo
venezuelano, pela oposição, pela democracia, pelo próprio legado de Hugo
Chávez, que a ata seja publicada", afirmou, acrescentando: "É isso que temos
que pedir, que sejam publicadas".
Brasil, Colômbia e México também
divulgaram uma nota conjunta equiparando o governo de Nicolás Maduro aos
manifestantes pró-democracia, sugerindo que as controvérsias sobre o processo
eleitoral deveriam ser resolvidas de forma institucional. A declaração parece
ignorar as críticas de falta de institucionalidade no regime de Maduro. Os
governos de Lula, Gustavo Petro e López Obrador têm resistido aos esforços de
outros países em pressionar o governo de Maduro, acusado de reprimir violentamente
protestos contra o resultado oficial que assegurou sua permanência no poder.
De
acordo com o jornal O Globo, os
chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, e do
México, Alicia Bárcena, estão avaliando uma viagem a Caracas para tentar
negociar um acordo, excluindo a participação da líder da oposição, María
Corina.
Durante o processo, que Lula
considera normal, a oposição foi impedida de monitorar a apuração dos votos, e
opositores foram detidos após as primeiras contestações do pleito.
Lula afirmou em entrevista à
GloboNews: "Tem uma briga, como é que vai resolver essa briga? Apresenta a ata.
Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com
recurso. Sabe? E vai esperar na Justiça, tomar o processo. E aí, vai ter uma
decisão que a gente tem que acatar. Eu estou convencido de que é um processo
normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o
direito de provar que não concordam e o governo tenha o direito de provar que está
certo", salientou o presidente, cujo governo ainda não reconheceu oficialmente
a reeleição de Maduro.
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