Um grupo de sete países da Europa publicou declaração conjunta, na noite
desse sábado (3), pedindo que autoridades da Venezuela "divulguem rapidamente
todas as atas eleitorais" relativas ao pleito presidencial do último domingo
(28).
O documento é assinado por Alemanha, Espanha, França, Itália, Holanda,
Polônia e Portugal. "A oposição indica que recolheu e publicou mais de 80% das
atas eleitorais elaboradas por cada mesa de voto. Esta verificação é essencial
para reconhecer a vontade do povo venezuelano", diz a nota, na versão publicada
pelo governo português.
A declaração também diz que "direitos de todos os venezuelanos, em
particular dos líderes políticos, devem ser respeitados durante este processo".
E condena repressão violenta a protestos que vêm ocorrendo na Venezuela: "A
vontade do povo venezuelano, bem como o seu direito de manifestação pacifica e
a liberdade de reunião também têm de ser respeitados".
Veja a declaração conjunta (versão
emitida por Portugal:
"Declaração conjunta sobre a Venezuela do Chanceler da República Federal da
Alemanha, do Presidente do Governo de Espanha, do Presidente da República
Francesa, do Presidente do Conselho de Ministros da República Italiana, do
Primeiro-Ministro dos Países Baixos, do Primeiro-Ministro da República da
Polónia e do Primeiro-Ministro da República Portuguesa.
Expressamos a nossa forte preocupação com a situação na Venezuela após
as eleições presidenciais do passado domingo.
Apelamos às autoridades venezuelanas para que divulguem rapidamente
todas as atas eleitorais, de forma a garantir a total transparência e a
integridade do processo eleitoral. A oposição indica que recolheu e publicou
mais de 80% das atas eleitorais elaboradas por cada mesa de voto. Esta
verificação é essencial para reconhecer a vontade do povo venezuelano.
Os direitos de todos os venezuelanos, em particular dos líderes
políticos, devem ser respeitados durante este processo. Condenamos
veementemente qualquer detenção ou ameaça que lhes seja dirigida.
A vontade do povo venezuelano, bem como o seu direito de manifestação pacifica
e a liberdade de reunião também têm de ser respeitados.
Vamos continuar com os nossos parceiros a acompanhar de perto a situação
e a apoiar o apelo do povo venezuelano pela democracia e a paz."
Eleição sob questionamento
O presidente Nicolás Maduro foi declarado reeleito pelo Conselho Nacional
Eleitoral (CNE), órgão chefiado por um aliado do chefe do Executivo.
A contagem do CNE apontou 51,95% dos votos para Maduro e 43,18% para o
principal adversário, Edmundo González Urrutia. A oposição falou em fraude,
contestou resultado e disse que Urrutia venceu com 67% dos votos.
Uma análise dos boletins de urna feita pela agência de notícias
Associated Press também apontou 67% para Urrutia e 30% para Maduro.
A tensão escalou nas ruas da Venezuela, com protestos convocados tanto
pelo presidente quando pela oposição. Maduro disse, na última quinta (1º), ter
prendido 1.200 pessoas em manifestações, e prometeu enviá-las para prisões de
segurança máxima.
Diversos países se manifestaram sobre a eleição na Venezuela. Estados
Unidos reconheceram a vitória de González Urrutia. Na América Latina, Argentina
e Uruguai também disseram que Maduro perdeu a disputa.
Brasil, Colômbia e México divulgaram, na quinta, nota conjunta pedindo
divulgação de todas as atas eleitorais. A Organização dos Estados Americanos
(OEA) não reconheceu resultado oficial do pleito.
Na última semana, o secretário-geral da OEA, Luis Almagreo, falou que
pedirá prisão de Maduro ao Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia,
por causa da repressão a protestos contra governo.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, reagiu, rejeitando
essa possibilidade e chamando a OEA de "fantoche da CIA e dos EUA".
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