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IBGE revela desigualdade no acesso à educação e queda no analfabetismo

A taxa de analfabetismo no Brasil registrou queda de 0,5 ponto percentual entre 2019 e 2022.

Por Eliashacker.com.br 07/06/2023 às 19:19:59

A taxa de analfabetismo no Brasil registrou queda de 0,5 ponto percentual entre 2019 e 2022. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de DomicĂ­lios ContĂ­nua (Pnad ContĂ­nua), divulgada nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica (IBGE).

De acordo com o levantamento, 5,6% da população do paĂ­s com 15 anos ou mais não sabiam ler ou escrever em 2022. São 9,6 milhões de pessoas. A publicação também reĂșne dados envolvendo outros indicadores como nĂ­vel de instrução, frequĂȘncia à escola e abandono escolar. Chamam atenção as assimetrias observadas nos recortes regionais e raciais.

A Pnad ContĂ­nua começou a ser feita em 2012 com nova metodologia para substituir simultaneamente a Pesquisa Nacional por Amostra de DomicĂ­lio (Pnad) e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Por meio dela, são elaborados relatórios mensais e trimestrais com informações conjunturais relacionadas à força de trabalho. Em busca de melhor entendimento e caracterização do mercado de trabalho, são coletados alguns dados sobre sexo, idade e cor ou raça dos moradores que também subsidiam publicações voltadas para a compreensão de aspectos sociais e demogrĂĄficos do paĂ­s.

Além disso, são divulgadas anualmente informações estruturais que envolvem outros temas, como educação e migração. HĂĄ ainda suplementos temĂĄticos que apresentam, com periodicidades especĂ­ficas, dados envolvendo assuntos como tecnologia da informação e turismo, entre outros.

O módulo anual voltado para a educação foi introduzido a partir de 2016. Para levantar as informações, a Pnad ContĂ­nua amplia o questionĂĄrio sempre no segundo semestre de cada ano. O resultado apresenta um retrato do panorama educacional do paĂ­s e permite comparações com os anos anteriores. No entanto, o IBGE optou por não incluir na série histórica os dados de 2020 e 2021. Isso porque, nesses dois anos, a forma de coleta de dados foi alterada em virtude da pandemia de covid-19: as entrevistas foram feitas exclusivamente por telefone, levando a uma redução considerĂĄvel na taxa de aproveitamento da amostra.

A nova edição atualiza a série histórica com os dados de 2022. O levantamento registra declĂ­nio do analfabetismo no paĂ­s desde o inĂ­cio do levantamento em 2016, quando 6,7% da população não sabiam ler e escrever. A nova taxa de 5,6% reflete a queda em todas as faixas etĂĄrias. No entanto, entre os idosos, a proporção de analfabetos é mais significativa. Na população com 60 anos ou mais, 16% não sabiam ler e escrever em 2022. "Esses resultados indicam que as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda enquanto crianças", revela o levantamento.

Quando se inclui a variĂĄvel gĂȘnero, observa-se que o analfabetismo entre os idosos atinge mais mulheres do que homens. No entanto, considerando a população com 15 anos ou mais, o cenĂĄrio se inverte: não sabem ler e escrever 5,9% dos homens e 5,4% das mulheres.

Embora a queda nas taxas tenha sido registrada em todas as regiões, as discrepâncias ainda são notórias. O Nordeste abriga 55,3% de todos os brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever. O analfabetismo na região alcança 11,7% da população. No Norte, são 6,4%. As demais regiões - Centro-Oeste (4%), Sul (3%) e Sudeste (2,9%) - tĂȘm taxas abaixo da média nacional.

O IBGE chama a atenção para os desafios do paĂ­s e de cada região, visando ao cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), instituĂ­do pela Lei Federal 13.005/2014. Pelas metas estipuladas, as taxas entre pessoas com 15 anos ou mais deveriam ter caĂ­do para 6,5% em 2015, o que só foi alcançado pelo Brasil em 2017. Além disso, a erradicação do analfabetismo é almejada para 2024.

Assimetrias significativas também chamam a atenção no recorte por cor ou raça. Entre a população branca, a taxa na faixa etĂĄria de 15 anos ou mais é de 3,3% e salta para 9,5% considerando 60 anos ou mais. JĂĄ entre pretos e pardos, 8,2% das pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever, Ă­ndice que sobe para 27,2% entre idosos.

Acesso à educação

A Pnad ContĂ­nua também reĂșne nĂșmeros que traçam um panorama relacionado com as assimetrias no acesso à educação. No Brasil, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais que concluĂ­ram o ensino médio manteve trajetória de crescimento e alcançou 53,2% no ano passado. O percentual da população com ensino superior completo saltou de 17,5% em 2019 para 19,2% em 2022. No entanto, nota-se novamente realidades distintas no recorte por cor ou raça: enquanto 60,7% dos brancos com pelo menos 25 anos haviam finalizado o ensino médio, entre os pretos e pardos essa taxa foi de 47%.

"HĂĄ uma diferença de 13,7 pontos percentuais entre os dois grupos analisados. De 2016 para 2022, essa diferença caiu um pouco – era de 16,6 pontos percentuais em 2016 – porém se manteve em patamar elevado, indicando que as oportunidades educacionais eram distintas para esses grupos", diz o IBGE. O levantamento mostra ainda que pretos e pardos com 25 anos ou mais estudam, em média, 1,7 anos a menos do que pessoas brancas. NĂșmeros relacionados ao ensino superior reiteram as assimetrias. Na faixa etĂĄria entre 18 e 24 anos, 29,2% da população branca encontravam-se estudando em universidades no ano passado. Entre as pessoas pretas e pardas, essa taxa foi de 15,3%.

A pesquisa mostra ainda pequena queda no percentual de crianças de 4 a 5 anos frequentando a escola: saiu de 92,7% em 2019 para 91,5% em 2022. Entre 6 e 14 anos, houve leve aumento, chegando a 99,4%. A universalização do ensino nessa faixa etĂĄria jĂĄ estava praticamente alcançada desde 2016, quando 99,2% das crianças frequentavam a escola.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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