Na madrugada desta segunda-feira, 29 de julho de 2024, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), órgão controlado pelo regime chavista, anunciou a reeleição de Nicolás Maduro como presidente do país. A notícia gerou reações variadas no cenário internacional, com líderes de diversas nações expressando sua desaprovação e questionamentos sobre a legitimidade do processo eleitoral.
Segundo o CNE, com 80% das urnas apuradas, Maduro obteve 51,2% dos votos (5.150.092) contra 44% (4.445.978) do principal concorrente da oposição, Edmundo González Urrutia. Outros candidatos somaram 4,6% dos votos, o que representa 462.704 votos. A vitória de Maduro, entretanto, está sendo fortemente contestada por várias figuras políticas na América Latina.
O presidente argentino Javier Milei foi um dos primeiros a se manifestar. Em sua publicação no X (antigo Twitter), Milei afirmou que "os venezuelanos optaram por acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro", baseando-se em pesquisas prévias que indicavam uma vitória de Urrutia. Ele concluiu dizendo que "a Argentina não vai reconhecer mais uma fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular".
Outros líderes também expressaram sua preocupação com a situação na Venezuela. O presidente chileno Gabriel Boric declarou que o Chile só reconhecerá "resultados verificáveis" e exigiu transparência total no processo eleitoral. De forma similar, Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai, escreveu na mesma rede social que Maduro venceria "independentemente dos resultados reais".
Esta é uma questão crucial no atual cenário político venezuelano. A oposição e alguns setores da comunidade internacional esperam uma postura firme das Forças Armadas em prol da democracia. Javier González-Olaechea, presidente do Peru, afirmou categoricamente que seu país "não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano".
Maduro, por outro lado, defendeu o sistema eleitoral venezuelano, alegando que a Venezuela tem um "sistema eleitoral de altíssimo nível de confiança, segurança e transparência". No seu discurso de vitória, ele mencionou que "foram feitas 16 auditorias" no processo e questionou: "Me diga: em que país é feita uma auditoria sequer?"
Nicolás Maduro Moros, 60 anos, é o atual presidente da Venezuela e comanda um regime altamente controverso. Acusado de inúmeras violações de direitos humanos, Maduro mantém pessoas presas por "crimes políticos" e há diversos relatos de restrições às liberdades nacionais. Relatórios da OEA e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos destacam a "nomeação ilegítima" do CNE e outras práticas questionáveis.
A trajetória de Maduro no poder é marcada por uma série de eventos turbulentos e decisões autocráticas. No campo econômico, o país sofreu um declínio significativo sob sua liderança, com o PIB da Venezuela encolhendo 62,5% nos últimos 10 anos. Essas circunstâncias aumentam ainda mais as dúvidas sobre a sustentabilidade do seu governo e a verdadeira vontade do povo venezuelano.
A reeleição de Nicolás Maduro não afeta apenas a Venezuela, mas cria tensões regionais significativas. A postura da Argentina, do Chile, do Uruguai e do Peru são apenas um exemplo de como essa vitória contestada pode repercutir em toda a América Latina. Os líderes desses países temem que a falta de legitimidade no processo eleitoral possa provocar instabilidade política e social, não apenas na Venezuela, mas em toda a região.
Fonte: terrabrasilnoticias.com