A professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) Carolina Pedroso avaliou que, pela primeira vez, a oposição ao
atual governo da Venezuela tem chances reais de vitória na corrida
presidencial.
As eleições no país sul-americano acontecem no domingo (28). O presidente
Nicolás Maduro e o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia,
fizeram, na quinta-feira (25), os últimos comícios de campanha.
Segundo a especialista, há incerteza quanto ao resultado, diante do
enfraquecimento da figura de Maduro – no comando do país há 11 anos.
"Essas eleições são decisivas. Eu diria que de todo esse período, desde
que o Chávez chegou ao poder, há 25 anos, são as eleições mais incertas e
provavelmente mais conflitivas que o país já passou. O país está mergulhado há
mais de uma década numa profunda crise econômica, social, migratória e, pela
primeira vez, a oposição chega numa eleição com condições reais de ganhar",
observou.
Em entrevista ao programa Poder Expresso desta sexta-feira (26),
Carolina alertou ainda para uma possível dificuldade na transição política,
seja qual for o resultado neste domingo, por causa do intervalo de seis meses
entre a eleição e a posse do vencedor.
"Temos seis meses pela frente para compreender como é que vai se dar
esse processo de transição política, seja ele pela via da reconfirmação do
Maduro enquanto presidente, seja ele por uma possível mudança política. Ambos
os cenários, para mim, estabelecem, pelo que a gente consegue ver, dos
discursos e do clima político no país. Vão ser necessários cuidados nessa
transição política, porque o clima está bastante quente entre as duas partes",
analisou.
A pressão da comunidade internacional para que o resultado da votação seja
respeitado cresce a cada dia, o que incomoda o governo de Nicolás Maduro – que
assumiu o poder em 2013, depois da morte de Hugo Chávez.
Uma das vozes que pede o respeito ao processo democrático venezuelano é
a do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que se opôs ao ultimato
de "banho de sangue" de Maduro, caso ele perca as eleições.
Maduro, disse em comício, nesta terça-feira (23), que "quem se assustou
que tome um chá de camomila".
No comício, o presidente venezuelano retomou a fala e afirmou: "não
disse mentiras. Fiz apenas uma reflexão" — fazendo alusão ao "Caracazo", uma
revolta popular em 1989 no país, que matou dezenas de pessoas e provocou uma
virada política na Venezuela.
O líder chavista também questionou o processo eleitoral brasileiro,
dizendo que as urnas não eram auditáveis. A declaração fez o Tribunal Superior
Eleitoral brasileiro se pronunciar sobre a segurança do sistema eletrônico de
votação em uso no Brasil desde as eleições de 1996.
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