Decisão é anunciada após Maduro criticar sistema eleitoral brasileiro.
TSE repudiou acusações e disse que "não admite"
declarações mentirosas que desqualifiquem a "integridade das eleições e das
urnas eletrônicas".O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desistiu nesta
quarta-feira (24/07) de enviar servidores para acompanhar as eleições na
Venezuela, marcadas para o próximo domingo.
A decisão acontece um dia após o presidente venezuelano e candidato à
reeleição, NicolĂĄs Maduro, lançar criticas ao sistema eleitoral brasileiro e
afirmar, sem provas, que "nenhum boletim de urna é auditado no Brasil".
Na ocasião, Maduro disse que a Venezuela tem o "melhor sistema eleitoral
do mundo", em meio a temores da oposição de que o regime chavista possa fraudar
o resultado no caso de uma derrota.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (24/07), o TSE repudiou a fala do
presidente venezuelano e disse que mentiras sobre a urna eletrônica brasileira
afrontam a integridade do processo eleitoral no Brasil.
"Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras,
que, ao contrĂĄrio do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditĂĄveis
e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviarĂĄ técnicos para atender
convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o
pleito do próximo domingo", afirmou o tribunal, em nota.
"A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente,
por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral
brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das
eleições e das urnas eletrônicas no Brasil"."
O tribunal havia concordado no início deste mĂȘs em enviar dois
servidores para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela: Sandra
Damiani e José de Melo Cruz, ambos especialistas em sistemas eleitorais.
O envio de representantes é uma medida de praxe realizada pelo TSE e por
autoridades de outros países. A presença de delegações internacionais
normalmente é vista como uma forma de sancionar a legitimidade do resultado. Em
2018, por exemplo, Maduro se reelegeu em um pleito marcado por irregularidadese
que não foi reconhecido por grande parte da comunidade internacional.
A saída do TSE da missão internacional é mais um capítulo na escalada de
tensões entre Maduro, no cargo desde 2013, e o presidente Luiz InĂĄcio Lula da
Silva. Desde março, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil manifesta
preocupação com o andamento do processo eleitoral na Venezuela.
JĂĄ na última segunda-feira, Lula disse ter ficado "assustado" com a
ameaça feita por Maduro de que haverĂĄ um "banho de sangue" caso o chavismo saia
derrotado no pleito.
Um dia depois e sem citar Lula, o presidente venezuelano ironizou a
declaraçãoes disse que "quem ficou assustado deve tomar um chĂĄ de camomila".
Não foi o único incidente com países da região. Na quarta-feira, o
regime da Venezuela também retirou o convite que havia feito ao ex-presidente
argentino Alberto FernĂĄndez para que ele acompanhasse as eleições do próximo
domingo.
"Ontem, o governo nacional venezuelano me transmitiu sua vontade de que
eu não viaje e desista de cumprir a tarefa que me foi dada pelo Conselho
Nacional Eleitoral", escreveu FernĂĄndez nas redes sociais. "A razão que me foi
dada é que, na opinião do governo, declarações públicas feitas por mim a um
meio de comunicação nacional causavam desconforto e geravam dúvidas sobre minha
imparcialidade."
No início da semana, FernĂĄndez havia ecoado uma manifestação e Lula e
afirmado que Maduro deveria aceitar uma eventual derrota. "Se [Maduro] for
derrotado, o que ele deve fazer é aceitar, como disse Lula. Quem ganha, ganha,
e quem perde, perde.", disse o argentino no início da semana.
Maduro busca oficializar um terceiro mandato de seis anos, em meio a um
novo processo eleitoral conturbado. HĂĄ denúncias de prisões contra opositores e
de cerceamento do trabalho de observadores internacionais. Duas candidatas da
Plataforma UnitĂĄria DemocrĂĄtica (PUD), maior aliança de oposição da Venezuela,
também foram barradas de concorrer pelo regime.
Fonte: (AgĂȘncia Brasil)