O presidente Lula (PT) disse nesta terça-feira (16) condenar violĂȘncia
doméstica, mas, "se o cara for corintiano, tudo bem".
A declaração foi dada em meio a um comentĂĄrio em que ele criticava a
violĂȘncia doméstica e elogiava a presença de mulheres em um evento com
empresĂĄrios do ramo alimentício no PalĂĄcio do Planalto.
O presidente tem acumulado uma série de gafes. Com temas variados, a
verborragia do petista provocou preocupação em aliados e integrantes do governo
e gera críticas de oposicionistas.
"Quero dizer para vocĂȘs que é louvĂĄvel, é extraordinĂĄrio, é a primeira
reunião que nós fazemos com empresĂĄrio com nove mulheres, nove mulheres. (Â
) Eu
nunca fiz uma reunião com tantas mulheres aqui dentro", afirmou, dizendo em
seguida ser cobrado pela primeira-dama, Janja, para ampliar a presença feminina
nos espaços de poder.
"Hoje eu fiquei sabendo uma notícia triste. Tem pesquisa, Haddad, que
mostra que depois de um jogo de futebol aumenta a violĂȘncia contra a mulher. InacreditĂĄvel.
Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu.
Mas eu não fico nervoso quando perde, eu lamento profundamente",
completou.
Lula é torcedor do Corinthians, time que briga para fugir da zona do
rebaixamento no Brasileiro deste ano.
Em nota divulgada pelo PalĂĄcio do Planalto na tarde desta quarta (17), o
governo afirma que "em nenhum momento o presidente Lula endossa ou endossou" a
violĂȘncia contra as mulheres.
"O respeito às mulheres é valor
inegociĂĄvel em todas as esferas do Governo Federal e desde o início de 2023, a
atual gestão tem atuado de forma sistemĂĄtica para ampliar continuamente as
oportunidades e a proteção para este público", diz o texto.
Reportagem do UOL de 2022 mostrou que registros de ameaças contra
mulheres aumentaram em dias de partidas de futebol do campeonato, segundo um
levantamento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria
com o Instituto Avon.
O estudo levou em conta os registros de ocorrĂȘncia feitos nos dias de
jogos do Campeonato Brasileiro, de 2015 a 2018, em cinco capitais brasileiras:
Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Apesar da gafe, Lula costuma fazer crítica a violĂȘncia doméstica. Em
abril, ele disse que "mulher não foi feita para apanhar".
Em maio, Lula sancionou lei que garante o sigilo do nome da vítima em
processos que envolvem crimes de violĂȘncia doméstica e familiar contra
mulheres.
"Mulher não foi feita para apanhar (Â
). Minha mãe era analfabeta, não
sabia fazer o "O" com copo. [Ela] dizia: "Meu filho, se um dia vocĂȘ casar,
tiver problema com mulher, nunca levante a mão para sua mulher, se não tiverem
vivendo bem saia de casa, deixa mulher cuidar na casa e vĂĄ procurar o que
fazer, mas nunca levante a mão"", afirmou em abril.
"Todos nós sabemos que neste país existe muita violĂȘncia contra mulher,
violĂȘncia às vezes dentro de casa, que marido não respeita a mulher muitas
vezes", disse.
Lula virou alvo de cobranças públicas da oposição após seu filho caçula,
Luis Claudio Lula da Silva, 39, ter sido acusado de violĂȘncia física, moral e
psicológica por uma ex-companheira.
Aliados de Jair Bolsonaro (PL), como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF),
e rivais do petista, como a deputada Rosangela Moro (União Brasil-SP),
questionaram o silĂȘncio de Lula ou de aliados sobre o episódio.
Na nota divulgada pelo governo Lula, a gestão cita ações para o
enfrentamento da violĂȘncia contra as mulheres, como lançamento do Pacto
Nacional de Prevenção aos Feminicídios, inauguração de novas Casas da Mulher
Brasileira e avanços na Lei Maria da Penha.
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