A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu nesta terça-feira, 17, ao
Ministério de Minas e Energia a suspensão de um acordo firmado entre a União e
a empresa Âmbar Energia, do grupo J&F, relacionado a usinas termelétricas
emergenciais da empresa contratadas em 2021.
Segundo a AGU, foi aprovado em 21 de maio deste ano, em processo que
envolveu a companhia e a União, representada pelo Ministério e pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), um acordo para resolver a situação de
empreendimentos da Âmbar que venceram um leilão realizado pelo governo no auge
da crise hídrica.
As usinas emergenciais que venceram o leilão, inclusive de outras
companhias, mais caras e com custos bilionários aos consumidores de energia,
deixaram de ser necessárias ao sistema elétrico com a melhora do cenário para a
geração de energia nos últimos anos.
Ao mesmo tempo, praticamente nenhuma das usinas conseguiu entrar em
operação no prazo estipulado, fazendo com que os geradores recebessem multas
elevadas. Esse cenário motivou governo e empresas a engajarem em negociações
para mudar os termos pactuados.
A proposta de acordo com a Âmbar, que chegou a ser estudada previamente
pelo Tribunal de Contas da União (TCU), envolve o pagamento pela empresa de 1,1
bilhão de reais em multas por descumprimento do contrato, mas recebendo cerca
de 9 bilhões de reais em receitas pela geração termelétrica – uma redução de
50% frente ao valor original, que seriam auferidas no dobro do prazo do
contrato original.
Em análise preliminar do tema, o TCU decidiu não homologar a proposta
apresentada pelo governo, por não ter havido consenso sobre qual seria a melhor
opção para o interesse público. A Corte, no entanto, liberou o governo para
prosseguir com o acordo, observando que ele estaria posteriormente sujeito a
controle.
O pedido de suspensão feito pela AGU nesta terça-feira ocorre após a
Consultoria-Geral da União (CGU) ter sido informada de uma representação
proposta pelo Ministério Público junto ao MP-TCU na qual a instituição pede a
suspensão do acordo.
Na representação, além de pedir a suspensão do acordo em caráter
cautelar até que o TCU decida o mérito da questão, o MP-TCU pede a apuração das
suspeitas de irregularidades nos contratos firmados com a Âmbar e a rescisão
deles, caso se conclua que houve descumprimento de obrigações contratuais ou
que são desnecessários à luz do interesse público.
No documento encaminhado ao Ministério de Minas e Energia, a AGU também
menciona apontamentos realizados pela área técnica do TCU, indicando, por
exemplo, que a solução consensual não seria a opção mais vantajosa para a União
e para os consumidores de energia.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/