Entidades criticaram, na sexta-feira (12/7), a demissão de três gerentes
da Caixa Econômica Federal que se opuserem à compra de um lote de R$ 500
milhões em letras financeiras do Banco Master. Os funcionários consideraram a
ação arriscada demais para os padrões do banco. Em nota, elas afirmaram que a
medida da Caixa trata-se de uma "retaliação injusta".
Os gerentes foram destituídos na última segunda-feira (8/7), mas o caso
só veio à tona nesta sexta-feira. Para as entidades, a atuação dos gerentes
gerentes da Caixa Asset, subsidiária responsável pela gestão de ativos do
banco, foi exemplar.
"A destituição desses empregados parece ser uma retaliação injusta, que
demanda uma apuração rigorosa e imediata por parte da Caixa. Ressaltamos que a
atuação dos empregados da Caixa foi exemplar, demonstrando compromisso com a
integridade e segurança do banco e cuidado com os recursos públicos. No
entanto, estamos preocupados com possíveis ingerências e direcionamentos para
negócios escusos, que devem ser investigados com seriedade", destaca trecho de
pronunciamento das entidades.
A nota contém as assinaturas da Federação Nacional das Associações do
Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e Associações do Pessoal da Caixa
Econômica Federal (Apcefs).
No texto, as entidades dizem estar
preocupadas diante da demissão de três gerentes da Caixa Asset.
Segundo elas, a transação envolvia a compra de letras financeiras do
Banco Master "sem as devidas garantias". "Os gerentes consideraram a operação
imprudente e alertaram para o alto risco de insolvência", disseram.
Ainda de acordo com o comunicado, os funcionários teriam detalhado, por
meio de uma pesquisa reputacional dos executivos do Banco Master, uma série de
processos do banco na Comissão de Valores Mobiliários por envolvimento em
crimes financeiros.
Entidades querem convocar diretor de
subsidiária da Caixa
A Fenae, Contraf e Apcefs informaram que a conselheira eleita do Conselho
Administrativo da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, tomará providências para
que o diretor-presidente da Asset seja convocado a prestar esclarecimentos
sobre o ocorrido.
"É importante destacar que o incidente ocorreu em uma empresa
subsidiária da Caixa, levantando preocupações sobre os riscos associados ao
fatiamento do banco e a criação de subsidiárias", pontuaram.
"As entidades reafirmam que não desejam ver a Caixa envolvida em escândalos,
como os que marcaram o passado recente, com casos de assédio moral e sexual
praticados pelos mais altos cargos do banco. Nosso compromisso é com uma Caixa
Econômica Federal íntegra, totalmente pública e presente no desenvolvimento
social e no impulsionamento da economia do país", finalizou.
Outro lado
A Caixa Asset informou, em nota, que "as operações em negociação são sigilosas
e ocorrem de acordo com a estratégia da empresa". A companhia não esclareceu se
pretende manter a operação de compra de R$ 500 milhões em letra financeira do
Banco Master, apesar do parecer contrário da área técnica, nem informou de quem
foi a iniciativa de fazer a operação.
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