O veículo utilizando na campanha pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi monitorado e fotografado pela Polícia Federal no início do ano. A picape Toyota Hilux preta, com a placa RGQ3B95, foi flagrada entregando dinheiro, cuja suspeita da origem seria o desvio em contratos de kits de robótica.
O veículo está no nome do policial civil e empresário, Murilo Sergio Juca Nogueira Júnior. Na última semana, Nogueira Junior foi um dos alvos de busca e apreensão da operação Hefesto. A PF ligou o endereço do agente civil, e encontrou um cofre que continha cerca de R$ 4,4 milhões em espécie.
Segundo a PF, a Hilux foi usado no final de janeiro em Maceió, por um casal que são suspeitos de operar um esquema de lavagem de dinheiro. O esquema está ligado com o caso dos kits de robótica investigado.
Foi possível ver no monitoramento que o casal, durante a campanha eleitoral, usou o veículo para realizar um saque e entregar algo m um prédio comercial na cidade. Entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a PF constou ao menos uma dezena de movimentações, utilizando o veículo ir em agências bancárias e entregar os valores no Distrito Federal. O casal foi preso na última semana.
Outro ponto notado é que o veículo, que estava no nome de Nogueira Junior, na realidade era usado pela esposa de Luciano Cavalcante, auxiliar próximo de Lira. Glaucia e Cavalcante são alvos da operação, e foram um dos 26 mandados de busca e apreensão na última semana.
No ano passado, Lira entregou a prestação de contas à Justiça Eleitoral, que informava que Nogueira Junior havia lhe emprestado a picape de graça, para ser usado durante dez dias na campanha. Isso equivale a uma doação de R$ 4 mil.
Na prestação de contas de Lira, a "doação" do bem foi formalizada no dia 16 de agosto pelo policial civil. O texto deixa claro: "O presente instrumento tem como objeto a cessão do uso do bem móvel de marca Toyota, modelo Hilux caminhonete, placa RGQ3B95, cor preta, ano 2021, e será entregue ao cessionário [campanha de Lira] mediante a assinatura do presente contrato. [...] A cessão dos bens está sendo realizada espontaneamente, a título totalmente gratuito".
A PF informou que Nogueira Junior recebeu R$ 550 mil de Edmundo Catunda, sócio da Megalic. Catuca é aliado de Lira e foi o vencedor da licitação dos kits de robótica. Além de Nogueira Junior, outra empresa de Catuca recebeu valores transferidos direto da Megalic.
A operação deflagrada na última semana contra os aliados de Lira, tinha como investigação os desvios feitos em contratos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que seriam destinados para a compra de kits de robótica.
Inicialmente, os casos ganharam repercussão em uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada em abril de 2022, que mostra a aquisição do material em alguns municípios do Alagoas. Em todos os casos, eram de empresas pertencentes aos aliados de Lira.
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