O Ministério Público Eleitoral
recomendou a rejeição de uma ação de investigação eleitoral contra o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu candidato a vice em 2022, Walter Braga
Netto. A ação foi movida pela coligação PT, PCdoB e PV, que apoiou a campanha
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando Bolsonaro e Braga Netto de usar
benefícios sociais com fins eleitorais durante a campanha presidencial de 2022.
A coligação alegou que Bolsonaro
concedeu uma série de benefícios governamentais visando a reeleição, acusando-o
de abuso de poder político e econômico. Em caso de condenação, Bolsonaro e
Braga Netto enfrentariam inelegibilidade por oito anos. Ambos já estão
inelegíveis devido a decisões anteriores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas alegações finais apresentadas
antes do julgamento no TSE, o vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre
Espinosa Bravo Barbosa, reconheceu que houve uma concentração de anúncios de
benefícios pelo governo em setembro e outubro de 2022, pouco antes das
eleições. "Não há espaço de dúvida de que houve uma atuação concertada do
governo federal para que esses benefícios fossem divulgados no período crítico
da campanha, o que torna possível cogitar de uma indisfarçável intenção
eleitoral", afirmou Barbosa.
Entre os benefícios citados estão a
renegociação de dívidas habitacionais, facilidades na compra de imóveis,
créditos para empreendedores, antecipação de benefícios como o Auxílio-Brasil
(atual Bolsa Família), auxílio-gás e recursos para caminhoneiros e taxistas. No
entanto, o MP argumenta que não há provas de que Bolsonaro tenha interferido
pessoalmente na implementação da maioria das ações, já que algumas dependiam do
Congresso Nacional.
"Ainda que seja certa a cronologia
sensivelmente eleitoral dos movimentos adotados pelo Governo Federal, não há
elementos que permitam estimar, com precisão, o número de pessoas beneficiadas
e os valores aplicados. Tampouco há prova relevante de uma quebra de rotina
administrativa nas ações adotadas", escreveu o procurador.
Barbosa concluiu que "pelo conjunto
probatório produzido nos autos, conclui-se pela não comprovação de eventual
gravidade dos fatos narrados, de modo a macular a legitimidade das eleições".
Ele também observou que a inclusão de 500 mil famílias no Auxílio Brasil em
outubro de 2022 não foi suficiente para demonstrar um abuso que afetasse o
eleitorado de mais de 150 milhões de eleitores.
O processo agora aguarda julgamento
no plenário do TSE, que ainda não teve uma data definida.
Fonte: Hora Brasilia