Joe Biden e Kamala
Harris em imagem de março de 2022 — Foto: Nicholas Kamm/AFP
Filha de mãe indiana e pai jamaicano, ela foi escolhida para integrar a
chapa democrata para atrair minorias, sendo ela mulher, negra e filha de
imigrantes.
A opção por Harris foi fundamental para a eleição de Biden porque
funcionou como um chamariz para convencer eleitores negros a votar no pleito de
2020 e alçada a mulher politicamente mais poderosa do país.
Vice-presidente
Existia uma expectativa em relação ao seu papel no mandato de Biden. Ela era
considerada a sucessora natural de Biden para as eleições de 2024, porém, seu
desempenho foi abaixo do esperado e as pesquisas indicaram fraca popularidade.
Antes mesmo de completar um ano no cargo, Kamala foi considerada a
vice-presidente americana mais impopular da história em 50 anos. Na ocasião,
apenas 28% dos americanos aprovavam seu desempenho, tornando-a praticamente
invisível.
Foram poucos os momentos que Kamala conseguiu chamar atenção para si.
Ainda em 2021, a vice-presidente foi designada para ficar à frente na
diplomacia com o México e países da América Central, para encontrar uma forma
de diminuir o gargalo migratório na fronteira.
Em sua primeira viagem oficial para a região, durante um encontro com o
presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, ela pediu que os migrantes "não
venham" ao seu país de forma ilegal. Na ocasião, sua performance foi
considerada desastrosa.
Baixa popularidade
Durante seu período no cargo, Kamala não conseguiu a projeção suficiente para
se alçar candidata em 2024. Uma pesquisa publicada em junho pela Redfield &
Wilton Strategies indicou que a vice-presidente era desaprovada por 44% dos
americanos e aprovada por 39%.
A base do Partido Democrata ainda tem resistência em relação ao seu nome
por causa de seus números fracos, de acordo com o site Politico.
O partido considera qualquer um dos outros governadores para uma
possível substituição, como Gavin Newsom, da Califórnia, e Gretchen Whitmer, de
Michigan, mais populares que Kamala.
O que dizem os veículos dos EUA
De acordo com a revista britânica "The Economist", Kamala seria a escolha óbvia
para substituir Biden. "Infelizmente, ela não inspira confiança nos grandes
democratas, e os eleitores sentem isso".
Ainda segundo a publicação, uma sondagem recente da The Economist/YouGov
sugere que ela é apenas uma opção ligeiramente mais favorável do que o
presidente.
Para o site "Politico", o maior trunfo da vice-presidente é a "realidade
política". Se Biden abandonasse a corrida presidencial, qualquer outro
candidato teria desafios significativos.
"Apenas Harris, por exemplo, teria acesso aos cofres da campanha da qual
já faz parte. Qualquer outro candidato enfrentaria a difícil tarefa de
construir uma infraestrutura em questão de meses."
"The Washington Post" também coloca a vice-presidente como a substituta
natural. "Harris é o vice-presidente, a pessoa já escolhida pelo partido para
ser o próximo na linha de sucessão à presidência. A menos que ela também tenha
optado por não ser presidente, ela é a pessoa a quem a nomeação iria."
A crise na campanha de Biden, diz o "The New York Times", renovou o foco
na vice-presidente, enquanto ela tenta acalmar os ânimos entre os democratas,
defendendo o presidente.
Segundo a publicação, seu discurso de sexta-feira (28), se colocando ao
lado de Biden, era "exatamente o que eles queriam ver no debate em Atlanta",
disseram democratas ao jornal.
Mudança de estratégia
Desde o início do ano, Kamala tem viajado em campanha para fortalecer a chapa e
mobilizar principalmente eleitores negros, base essencial para os democratas.
Segundo o site Politico, aliados e assessores de Kamala acreditam que
ela conseguiu demonstrar mais habilidade e confiança nestes últimos meses e,
com isso, revigorar seu perfil.
Após o debate de quinta, Kamala fez uma defesa enfática de Biden, em uma
viagem por Nevada, que chamou atenção e a colocou novamente como alternativa ao
posto de candidato.
Não há planos, de acordo com seus assessores, para a vice-presidente
fazer uma campanha para defender Biden.
Ela estaria focada na captação de recursos nos próximos dias, em áreas
onde estará em contato com doadores, o que não deixa de ser uma oportunidade
para causar boa impressão e se colocar à disposição como substituta à vaga de
Biden.