O salário do trabalhador
brasileiro teve reajuste médio de 5% em maio. Como a inflação acumulada nos
últimos 12 meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)
ficou em 3,2%, o aumento real chegou a 1,8 ponto percentual. É o 18º mês
consecutivo com alta real, o que não ocorria desde julho de 2018.
Os
dados são do boletim Salariômetro, que acompanha o mercado de trabalho formal
mês a mês, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), divulgado
nesta quinta-feira (27).
Conforme o levantamento, 92,2% das
negociações encerradas no período tiveram aumento real, o que representa a
maior proporção de reajustes acima do INPC, desde maio de 2017.
O
piso salarial mediano foi de R$ 1.705 em maio, 20,8% acima do salário mínimo
(R$1.412). No acumulado dos últimos 12 meses, o valor foi de R$ 1.600.
Segundo
Hélio Zylberstajn, professor do Departamento de Economia da USP e coordenador
do Salariômetro, as condições do mercado de trabalho, a concentração de
datas-base e a baixa taxa de inflação contribuem para este cenário.
"O
primeiro ponto é a inflação baixa. O segundo o mês de maio que registra muita
movimentação, com categorias que têm sindicatos mais poderosos, por exemplo, os
transportes. Tradicionalmente essas categorias conseguem repor a inflação e
mais um pouco. E o terceiro fator é que o mercado de trabalho está muito ativo.
Vários setores estão com dificuldade de contratar empregados. Então isso puxa o
salário para cima. Isso dá mais poder de barganha para os sindicatos na hora da
negociação. Se a empresa não concordar e não der um aumento mais generoso, ela
pode perder o trabalhador e ter dificuldade de repor. Esses três fatores
explicam esse resultado expressivo do mês de maio", afirma Zylberstajn.
Na mesa de negociação é utilizado
o INPC, que mede a inflação das famílias com renda de até cinco
salários mínimos, que constituem a clientela dos sindicatos. A inflação
acumulada até maio foi de 3,2%. Além disso, o mês de maio concentra um número
grande de datas-base, cerca de 6 mil negociações.
construção civil – 1,8%
agropecuária e serviços – 1,3%
indústria – 1,2%
comércio – 1%
Para
o mês de junho, a tendência é a manutenção do aumento real nas negociações. A
prévia mostra um quadro parecido com o de maio: INPC acumulado em 3,3%,
reajuste mediano de 5% e reajuste mediano real de 1,7 ponto percentual.
"A
projeção do INPC para os próximos 12 meses é entre 3% e 4%, com tendência
declinante. Isso significa que a inflação vai continuar baixa durante12 meses,
portanto continua a ter espaço para ganhos reais dos trabalhadores. A gente
deve ter repetição desse quadro por algum tempo ainda", acrescenta o
coordenador do Salariômetro.
O
levantamento mostra que a região com maior aumento acima da inflação foi o
Norte, com ganho mediano de 1,6 ponto percentual. Sul e Nordeste tiveram menor
reajuste real, com a mediana em 1,2 ponto.
Em
um mapeamento por estado, Roraima teve o maior reajuste mediano: 3,8 ponto
percentual. Na lanterna, está Sergipe, com aumento salarial médio de 1,3 ponto.
A
pesquisa da Fipe é baseada em informações do mediador do Ministério do Trabalho
e Emprego, a partir dos resultados das negociações coletivas.
A
convenção coletiva, prevista na legislação brasileira, é uma negociação entre
sindicatos de trabalhadores e representantes dos setores produtivos que
estabelece normas para salários, horas-extras e condições de trabalho de
categorias profissionais.
Firmadas
para complementar a lei trabalhista, as diretrizes são fruto de diálogo entre
empregados e patrões.
Fonte: Portal Correio