O fundador do Wikileaks, Julian Assange, será libertado da prisão após
chegar a um acordo judicial com o Departamento de Justiça dos EUA. O jornalista
australiano, de 52 anos, se declarará culpado da acusação de ter publicado mais
de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas
dos EUA.
Segundo documentos judiciais divulgados pelo portal AP News nesta
segunda-feira (24), os promotores do departamento concordaram com a sentença de
cinco anos já cumprida por Assange. Ele foi preso em 2019, na penitenciária de
segurança máxima Belmarsh, em Londres.
A audiência em que Assange irá se declarar culpado será na próxima
quarta-feira (26), nas Ilhas Marianas do Norte, uma comunidade dos EUA no
Pacífico Ocidental. Após isso, ele será libertado e poderá retornar à
Austrália.
Relembre o caso:
Assange fundou o Wikileaks em 2006 e a partir de 2010, o jornalista
australiano começou a publicar informações confidenciais sobre as guerras do
Iraque, do Afeganistão e informações diplomáticas dos Estados Unidos sobre as
operações militares.
Nestas informações, os documentos expuseram abusos de direitos humanos e
espionagem de líderes de outros países.
Segundo o governo norte-americano, foram 700 mil documentos divulgados
pelo Wikileaks, que posteriormente foram publicados por jornais como The
Guardian e The New York Times.
Ele foi preso em Londres, em 2019, após passar 7 anos abrigado na
embaixada do Equador. Ele também conseguiu evitar ser preso e extraditado para
Suécia, após ser acusado por dois estupros, mas o inquérito foi arquivado.
Se for extraditado para os Estados Unidos, Assange poderá ser condenado
a até 175 anos de prisão.
Confira a trajetória do caso Wikileaks:
· Em 2006, Assange funda o WikiLeaks e publica informações
classificadas e vazamentos de notícias vindas de fontes anônimas.
· Em agosto de 2010, um promotor sueco emite um mandado de prisão
depois de duas mulheres suecas acusarem o fundador do Wikileaks de estupro
e abuso sexual em alegações separadas.
· Em novembro do mesmo ano, WikiLeaks divulga telegramas
diplomáticos adquiridos de uma fonte anônima e o Departamento de Justiça dos
EUA abre uma investigação. Chelsea Manning seria a fonte. A Suécia emite um
mandado de prisão internacional para Assange.
· Já em dezembro de 2010, ele se entrega à polícia britânica e os
tribunais consideram que ele deve pagar uma fiança.
· Em maio de 2012, a Suprema Corte do Reino Unido decide pelo retorno
do jornalista à Suécia. Seus advogados pedem o adiamento.
· Em junho de 2012, Julian Assange entra pela primeira vez na
embaixada do Equador em Londres.
· Em agosto de 2012, o jornalista fica asilado na embaixada
equatoriana e de lá ele cita preocupação com abusos de direitos humanos,
caso fosse extraditado para a Suécia.
· No mês de agosto de 2015, os promotores suecos retiram as acusações
de abuso sexual contra o jornalista australiano por não ter
tempo para interrogá-lo. Assange enfrenta uma acusação de estupro;
· Em fevereiro de 2016: um grupo de trabalho da ONU conclui que Assange
está preso de forma arbitrária pela Suécia e pelo Reino Unido desde
dezembro de 2010 e pede que os governos acabem com sua "privação de
liberdade".
· No mês de outubro de 2016, o governo do Equador declara que
cortou a internet de Julian Assange devido à divulgação de e-mails hackeados
pelo WikiLeaks nas eleições de 2016. Depois foi revelado como parte
da interferência da Rússia, em nome do então candidato a presidência dos
EUA, Donald Trump.
· Julian Assange anuncia em dezembro de 2016 que sua conexão com a
internet foi restabelecida pela embaixada equatoriana;
· Em abril de 2017, o ex-diretor da CIA (Agência Central de
Inteligência dos EUA) Mike Pompeo aponta o site WikiLeaks como um "serviço
de inteligência hostil não estatal" sendo uma ameaça à segurança dos Estados
Unidos.
· Os promotores da Suécia encerram em maio de 2017
a investigação de 7 anos que acusava Assange por estupro.
· Equador concede cidadania ao fundador do Wikileaks em dezembro de
2017, após tentar dar a imunidade diplomática.
· A juíza britânica Emma Arbuthnot declarou, em fevereiro de
2018, que o Reino Unido não retira as acusações contra Assange. A alegação
é que ele burlou a sentença de pagamento de fiança em 2012, quando buscou
asilo na embaixada do Equador.
· Uma semana antes de Assange ser preso, em abril de 2019, o
presidente do Equador declara que Assange "violou o acordo que fizemos com
ele e seu advogado muitas vezes".
· Em 11 de abril de 2019: o australiano é preso sob um mandado de
extradição dos EUA, depois que o Equador retira seu asilo. Assange foi
considerado culpado de não pagar a fiança determinada pela justiça
britânica;
· No 1º de maio de 2019, Julian Assange foi condenado a quase 1
ano de prisão pela justiça do Reino Unido;
· Em 23 de maio de 2019, os EUA acusam Assange sob a Lei de
Espionagem. Ele foi indiciado por 18 acusações. O caso levanta questões sobre a
Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão nos EUA;
· Os Estados Unidos entram com um pedido de extradição contra Assange em
11 de junho de 2019, mas pedido foi rejeitado em janeiro de 2021, pelo risco do
fundador do Wikileaks cometer suicídio;
· Os EUA tentam novamente a extradição de Julian Assange, em 28
de outubro de 2021 e negou que a saúde mental de Assange não
resista ao sistema judiciário local;
· Em 20 de abril de 2022, a justiça do Reino Unido emite uma ordem de
extradição para os EUA. No entanto, a medida precisa da aprovação da
ministra do Interior, Priti Patell.
· Em 17 de junho de 2022, o Reino Unido aprova extradição do jornalista
para os Estados Unidos.
· E na 5ª feira, em 8 de junho de 2023, Assange perde recurso e Alta Corte
da justiça britânica considera que ele deve ser extraditado para os Estados Unidos.
Esposa do jornalista promete recorrer na próxima semana
· Se condenado, Julian Assange poderá ter pena de 175 anos de prisão
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/