Recentemente, está surgindo uma
forte onda de críticas à postura e conduta da Geração Z, que são pessoas de 13
a 27 anos, no mercado de trabalho. É comum vermos matérias dizendo que essa
geração não é comprometida, que não sabe se comportar direito em ambientes
corporativos e que são considerados os pesadelos de qualquer pessoa gestora.
Porém, por que isso está ocorrendo? O que tem feito a Geração Z ser vista de
uma forma tão negativa?
Pude debater sobre o tema durante a minha participação no Rio2C, maior
evento de criatividade da América Latina, na palestra "Geração Z: liderando a
revolução do trabalho", ao lado da Christiane Berlinck, CHRO do Grupo
OLX. Costumo dizer que para entender esse grupo um pouco melhor é preciso
saber que é muito menos sobre a data de nascimento e sim sobre o comportamento.
Inclusive, ao contrário do que muitos acreditam, um estudo da Fundação Getúlio
Vargas (FGV) com a Talenses Group comprova que 48% dos profissionais da Geração
Z são engajados. Ou seja, dizer que uma geração inteira não se
empenha não faz sentido.
Diante desta constatação, vale frisar que nunca devemos generalizar. Existem
cerca de 51 milhões de pessoas pertencentes a Geração Z apenas no Brasil, o que
demonstra que não é viável colocar os seus integrantes em uma única caixinha,
como se todos pensassem e agissem da mesma forma, sendo que sabemos que essa
geração é uma das mais fluídas atualmente.
O fato é que a Geração Z vê o trabalho de uma forma diferente dos Millennials,
ficando cada vez mais distante de como esta e as gerações anteriores enxergam o
mercado. Esse comportamento reflete em algumas decisões, como na tendência de
se afastar da possibilidade de liderar, justamente por saberem dos riscos de
doenças como burnout e demais problemas de saúde mental, que afetam o bem-estar
de forma geral.
A GenZ sabe que os Millennials tentaram dar conta de tudo e muitas vezes,
acabaram sobrecarregados, vivendo por ideais, promoções e crescimentos que
foram prometidos e não se concretizaram. Por isso, a grande maioria não quer
adotar esse estilo de viver sob pressão por causa do serviço e a tendência é
fugir de ambientes de trabalho que são considerados tóxicos.
Neste sentido, é normal que busquem uma maior flexibilidade no mundo
corporativo, para que se adeque ao modelo de trabalho que acreditam ser melhor
para suas carreiras. Dados do relatório "O futuro do recrutamento", produzido
pelo LinkedIn esse ano, apontam que pessoas da GenZ consideram o modelo de
trabalho flexível como atributo essencial.
Um exemplo dessa flexibilidade está atrelado à febre da vinda da cantora Taylor
Swift para o Brasil em 2023. Aqui na Trope (consultoria de Geração Z da qual
sou fundador), muitos colaboradores resolveram fazer um mutirão para que
pudessem se ajudar a comprar o ingresso. Para isso, fizeram uma reversa na
agenda: "das 10h às 12h - entrar na fila de espera online para adquirir o
ingresso".
Essa atitude poderia ter sido mal vista por alguns gestores em um ambiente de
trabalho mais tradicional e conservador, que iriam se perguntar se deveriam
permitir que o time agisse dessa forma. No entanto, entramos em uma discussão:
a vida pessoal está interligada com a profissional e a pessoa é uma só. A
partir disso, como fazer para conciliar?
O que quero dizer é que se estamos preocupados com entrega e engajamento do
time, nesses casos, o melhor seria liberar a compra, sendo que proibir vai
fazer com que o fiquem frustrados por não ter conseguido comprar e
consequentemente assistir a uma artista que tanto esperavam a vinda para o
Brasil. No final de tudo, mesmo que não consigam adquirir por outros fatores,
como alta demanda, irão pensar: "Pelo menos eu tive a oportunidade de tentar comprar
e meu trabalho não me barrou essa chance".
Acredito que apoiar e incentivar a sua equipe, com pequenos gestos, pode ser
extremamente positivo. A GenZ quer sim trabalhar, mas em lugares que vão de
encontro com seus valores e essa é uma realidade que empresas precisarão se
adaptar. Recentemente, o LinkedIn atingiu 75 milhões de usuários no Brasil e
segundo dados da plataforma, foi uma mobilização que surgiu a partir da Geração
Z, que de 2010 para 2024, aumentou bastante sua presença na plataforma, sendo
de 2,5% a 40%.
Para a GenZ, nem tudo é sobre salário e benefícios. Essa geração valoriza
ambientes com possibilidade de crescimento genuíno, feedbacks e mentorias
constantes, além de empatia e acolhimento de questões da vida pessoal. Tais
pontos diferenciam empresas que estão tendo sucesso ao liderar essa parcela,
das que estão enfrentando desafios com turnover e baixo engajamento
das novas gerações.
*Luiz Menezes é fundador da Trope,
uma consultoria de geração Z que ajuda marcas a rejuvenescerem suas estratégias
de negócio. Aos 24 anos, Luiz é nativo digital, creator, apresentador,
empresário e empreendedor. Presente no mercado e atuando na área de comunicação
há 8 anos, o especialista acumula experiência em organização de eventos
voltados à cultura pop e geek, prestação de serviços de marketing de influência
e digital PR para grandes marcas, como Mondelez, Meta, Itaú, Ecossistema
nima, P&G, Embelleze, entre outras. Luiz fez parte da co-criação da Pato
Academy, empresa com foco em desmistificar hacking e tecnologia através de
educação. Recentemente, fundou o InstitutoZ, braço especializado em estudos de
comportamento de consumo da Geração Z, feitos pelo olhar de nativos digitais.
Hoje, está à frente da Trope, fundada em 2021, onde busca facilitar a entrada
de nativos digitais, ou seja, a geração Z, no mercado da comunicação,
tornando-os aptos a ocupar posições de destaque e de tomada de decisão,
promovendo, desta forma, um ecossistema mais plural, inclusivo e diverso.
Fonte: Informações à imprensa | Seven PR