O ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança
Pública, liderado por Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF, registros de
entrada e saída de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), preso
desde 8 de fevereiro.
Em decisão de 28 de maio, a pedido da
Procuradoria-Geral da República (PGR), Moraes determinou que o Ministério da
Justiça buscasse "informações sobre a existência de registros oficiais de
entrada e de saída" de Filipe Martins nos EUA. A solicitação ocorreu após
autoridades norte-americanas recusarem fornecer esses dados diretamente.
A PGR justificou a necessidade de
obter mais informações devido à insuficiência de provas apresentadas pela
Polícia Federal (PF), que até agora não conseguiu confirmar se o ex-assessor
embarcou no voo presidencial para Orlando no fim de 2022. A Procuradoria também
pediu que as buscas incluíssem "passaporte diverso dos identificados" pela PF.
O pedido deve ser realizado ao
governo dos EUA com base no Tratado de Assistência Jurídica Mútua em Matéria
Criminal entre Brasil e Estados Unidos de 1997, conforme recomendação do
Itamaraty. O Departamento de Estado dos EUA recomendou que as autoridades
brasileiras seguissem o trâmite de cooperação internacional comum, via
Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Na decisão de 28 de maio, Moraes
acatou a recomendação da PGR para acionar o ministério liderado por
Lewandowski. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também solicitou que
Filipe Martins autorizasse o governo dos EUA a consultar suas entradas e saídas
no país, alegando ser de "interesse" de Martins o fornecimento dessas
informações, pois poderiam "robustecer" a tese da defesa.
Filipe Martins foi preso em 8 de
fevereiro de 2024 na operação Tempus Veritatis, autorizado sob o argumento da
PF, aceito por Moraes, de que Martins estaria foragido e havia risco de fuga do
país. O "risco de fuga" foi baseado na suposta viagem para a Flórida em 30 de
dezembro de 2022, informação não confirmada pelas autoridades do Brasil ou dos
EUA.
O relatório da PF indicava: "O nome
de FILIPE MARTINS também consta na lista de passageiros que viajaram a bordo do
avião presidencial no dia 30.12.2022 rumo a Orlando/EUA. Entretanto, não se
verificou registros de saída do ex-assessor no controle migratório, o que pode
indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais
responsabilizações penais."
Embora a localização do investigado fosse
considerada incerta, a PF desconsiderou fotos de Martins publicadas em perfil
aberto na internet. Quando Martins foi preso, a PF soube onde procurá-lo: no
apartamento de sua namorada em Ponta Grossa (PR), a 117 km de Curitiba.
Atualmente, ele está detido no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), onde
ficaram os presos da operação Lava Jato.
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