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Água tratada perdida antes de chegar às casas poderia abastecer 54 milhões de brasileiros

Estudo do Instituto Trata Brasil mostra que volume perdido corresponde a mais de 7 mil piscinas olímpicas

Por Blog do Elias Hacker 05/06/2024 às 13:33:24

Volume de água tratada perdida no país ainda é alto (Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

O ITB (Instituto Trata Brasil) mostrou que o Brasil poderia abastecer 54 milhões de brasileiros com a quantidade de água tratada perdida em 2022, que foi estimada em cerca de 7,0 bilhões de metros cúbicos. Segundo o estudo, o volume total equivale a quase 7.639 piscinas olímpicas ou sete vezes o volume do Sistema Cantareira, maior conjunto de reservatórios do estado de São Paulo. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (5). As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.

"Além disso, com esse mesmo volume, seria possível abastecer os 17,9 milhões de brasileiros que vivem em favelas por mais de três anos. Ao meio ambiente, a redução dessas perdas implicaria a disponibilidade de mais recurso hídrico para a população sem a necessidade de captação em novos mananciais", destaca o instituto.

A entidade destacou que "a situação torna-se ainda mais preocupante quando analisado o elevado índice de perdas na distribuição, em que 37,78% da água é perdida antes de chegar às residências brasileiras".

A organização define como "água perdida" o volume que se perde no processo de abastecimento, em vazamentos, erros de medição e consumo não autorizado. Segundo uma portaria do Ministério do Desenvolvimento Regional, o índice de perdas deve ser de, no máximo, 25%.

O lento progresso indica uma grande dificuldade de atingirmos as metas pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico, de fornecer água potável a 99% da população até 2033.

(ESTUDO PERDA DE ÁGUAS DE 2024)

O índice de água perdida medido pelo ITB foi o menor desde 2018, porém, permanece "significativamente superior à meta de 25%" estabelecida pelo governo, diz o ITB.

Veja as médias nacionais de 2018 a 2022

  • 2018 – 38,45%
  • 2019 – 39,24%
  • 2020 – 40,14%
  • 2021 – 40,25%
  • 2022 – 37,78%

Regiões

O estudo conclui que as regiões Norte e Nordeste são as mais carentes e devem enfrentar os maiores desafios para reduzir seus índices de perdas. Além disso, os estados destes locais são os que possuem os piores indicadores de atendimento de água, de coleta e de tratamento de esgotos.

Veja dados de perdas na distribuição de água por regiões (ano base: 2022)

  • Brasil – 37,78%
  • Centro-Oeste – 35,08%
  • Norte – 46,94%
  • Nordeste – 46,67%
  • Sul – 36,65%
  • Sudeste – 33,90%

"Ao longo do período analisado, é notável que não houve nenhuma evolução significativa nos indicadores de perdas sob a perspectiva macrorregional. Pelo contrário, a tendência é de estagnação, com poucas exceções", concluiu o estudo.

Os estados com os menores índices de perda na distribuição são Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso e o Distrito Federal. Na outra ponta, com os maiores desperdícios, estão o Amapá, Acre, Rondônia e Roraima.

Veja os ranking dos menores e maiores índices de perdas no país (ano base: 2022)

Menores

  • Goiás – 28,34%
  • Rio de Janeiro -28,34%
  • Mato Grosso -33,21%
  • Distrito Federal – 33,81%

Maiores

  • Amapá – 71,14%
  • Acre -66,61%
  • Rondônia -59,81%
  • Roraima – 59,36%

No índice de perdas na distribuição, apenas duas das 27 capitais apresentaram valores inferiores à meta de 25%, Goiânia (GO), com 17,27%, e Campo Grande (MS), com 19,8%. O indicador médio do grupo foi de 43,17%.

Ganhos econômicos com a redução de perdas

Para calcular os ganhos econômicos ao país pela redução de perdas, o estudo se baseou em três cenários: otimista, realista e pessimista. Cada um deles responde à média nacional do nível de perdas a ser alcançada em 2034: 15% (cenário otimista), 25% (cenário realista) e 35% (cenário pessimista).

No cenário realista, o instituto constatou que existe um potencial de ganhos brutos com a redução de perdas de água de R$ 40,9 bilhões até 2034. Caso sejam considerados os investimentos necessários para a redução de perdas, o benefício líquido gerado pela redução de perdas é da ordem de R$ 20,4 bilhões em 11 anos.

Na análise otimista, os ganhos brutos foram calculados em quase R$ 72,9 milhões e os líquidos, em R$ 36,4 milhões. No cenário pessimista, o ganho bruto seria de cerca de R$ 8,9 milhões e o líquido, de R$ 4,4 milhões.

Reduzir as perdas significaria aumentar a disponibilidade de recursos hídricos no sistema de distribuição sem a necessidade de aumentar o volume de água captado e de explorar novos mananciais, o que resulta em menores custos e evita prejudicar o meio ambiente

(ESTUDO PERDA DE ÁGUAS DE 2024)

Fonte: Portal Correio

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