Durante 12 semanas, os pacientes, com câncer de mama, genitourinĂĄrio e de pulmão, seguiram um programa de atividades que incluiu exercĂcios de resistĂȘncia e aeróbicos por 3 a 5 horas semanais, divididas em 4 a 6 dias por semana.
Após a conclusão do programa de exercĂcios, os pacientes apresentaram diminuição significativa nos nĂveis de depressão e ansiedade. Também foram constatadas melhoras no estado fĂsico, com redução das dores, da fadiga e da nĂĄusea. Além disso, os exercĂcios podem reduzir os efeitos adversos do tratamento do câncer."Podemos concluir que, alinhado com a recente literatura médica sobre o assunto, devemos estimular os pacientes a manterem-se fisicamente ativos e de preferĂȘncia em prĂĄtica de exercĂcios, independentemente de idade ou estĂĄgio de doença. Naturalmente, essa recomendação deve ser corroborada e monitorada pelo médico que conduz o caso", diz o coordenador do estudo, Paulo Bergerot, oncologista do grupo OncoclĂnicas&Co.
Segundo Bergerot, o estudo reforça a recomendação da prĂĄtica de atividades fĂsicas para pacientes com câncer e destaca a importância de desenvolver programas que sejam acessĂveis e personalizados, especialmente para a população idosa.
"Até poucos anos atrĂĄs havia um paradigma de que o paciente em tratamento de câncer deveria ficar descansando e resguardado. Sem dĂșvida as principais mensagens dos estudos dessa natureza são as de quebrar este paradigma", ressalta Bergerot.
Outro estudo brasileiro relacionado ao tratamento de pacientes com câncer apresentado no congresso relacionou os cuidados paliativos com a redução do nĂșmero de mortes nas unidades de terapia intensiva (UTIs), em hospitais de alta complexidade em paĂses em desenvolvimento.
Os cuidados paliativos são princĂpios que buscam aliviar a dor e o sofrimento em pacientes, melhorar sua qualidade de vida e auxiliar os familiares durante o tratamento e após a morte do paciente, em situações em que a doença não é mais tratĂĄvel.
"Os cuidados paliativos são uma estratégia multidisciplinar de alĂvio de sofrimento, para pacientes que tĂȘm uma doença ameaçadora da vida. E quando a gente fala de sofrimento, não é só sofrimento fĂsico, é também emocional, espiritual, social, que vem junto com um diagnóstico difĂcil não só para o paciente como também para a famĂlia e as pessoas que participam ativamente do seu cuidado", explica a coordenadora do estudo, CecĂlia Emerick Mendes.
A pesquisa avaliou 171 pacientes do Hospital Marcos Moraes, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, e constatou uma taxa de óbitos de apenas 38% entre aqueles que foram incluĂdos nos cuidados paliativos, considerada baixa em relação a pacientes que estão em uma situação de doença irreversĂvel, segundo CecĂlia.
"Oitenta por cento dos pacientes tiveram uma definição de plano de cuidado. Desses, 78% optaram pelo suporte não invasivo exclusivo. Entendendo que tĂȘm uma doença infelizmente irreversĂvel, optaram para que, no momento de final de vida, fossem cuidados fora de unidades fechadas, na presença da famĂlia, e definiram quais eram suas prioridades e como deverĂamos conduzir o seu caso", disse. "A maioria de nossos pacientes foi de alta para casa, com uma orientação para a equipe de saĂșde de como eles queriam ser cuidados."
Segundo a Organização Mundial da SaĂșde (OMS), apenas 14% dos pacientes que precisam de cuidados paliativos no mundo recebem esse tipo de atenção.
Fonte: AgĂȘncia Brasil