Gerente afastado da Codevasf por suspeita de receber propina atuou em
contratos custeados com emendas do atual ministro das Comunicações, Juscelino
Filho (União Brasil), que estão sob investigação da Polícia Federal
Julimar Alves da Silva Filho deixou a estatal após ser alvo da Operação
Odoacro, que investiga a atuação da empresa Construservice em contratos no
estado do Maranhão, alguns dos quais foram financiados por emendas de Juscelino
Filho quando ele era deputado.
Segundo a PF, Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP, é
sócio da empresa. A polícia afirma que "Juscelino Filho e "Eduardo DP" possuem
tentĂĄculos dentro da Codevasf para gerir e desviar recursos", referindo-se ao
fiscal afastado Julimar Alves da Silva Filho.
Quebras de sigilo bancĂĄrio mostram que Julimar e sua esposa receberam
cerca de R$ 250 mil de contas ligadas ao grupo empresarial de Eduardo DP
durante o período em que Julimar fiscalizava obras de pavimentação asfĂĄltica.
O Ministério das Comunicações nega qualquer relação de Juscelino Filho
com o caso, afirmando que ele apenas indicou emendas parlamentares para obras,
cuja licitação e fiscalização são responsabilidade do Poder Executivo.
Além disso, Julimar atuou em obras na cidade de Vitorino Freire (MA),
comandada pela prefeita Luanna Rezende, irmã do ex-presidente Lula (PT). Uma
dessas obras, financiada por emenda de Juscelino, enfrentou problemas, com
grande parte das ruas apresentando buracos e asfalto quase inexistente.
A Codevasf alega que 85% da obra foi concluída, mas cobrou da prefeitura
a devolução de parte dos recursos. DiĂĄlogos entre Juscelino e Eduardo DP
relacionados ao convĂȘnio também foram encontrados pela PF.
Em abril passado, a Codevasf publicou um "extrato de confissão e
parcelamento de dívida", no qual a prefeitura reconhece dever R$ 802,7 mil à
estatal federal devido a um convĂȘnio de R$ 5,2 milhões indicado por Juscelino
quando era deputado.
A prefeitura nega que arcarĂĄ com os prejuízos da obra e afirma que a
Construservice serĂĄ responsabilizada por devolver os recursos aos cofres
públicos. A PF também investiga a atuação do gerente da Codevasf em uma obra de
pavimentação de estrada que passa por propriedades da família de Juscelino
Filho, cujo valor total era de R$ 7,5 milhões.
A Polícia Federal também estĂĄ investigando a atuação do gerente da
Codevasf em uma obra de pavimentação de estrada que passa por propriedades da
família de Juscelino Filho. O valor total da obra, que não foi concluída, era
de R$ 7,5 milhões.
De acordo com a PF, Julimar emitiu um parecer favorĂĄvel à aprovação do
projeto da obra com uma "justificativa simplista e sem qualquer aprofundamento
técnico ou de interesse público".
Além disso, ele inseriu na Plataforma Brasil um boletim de medição de
obra que não condizia com a realidade.
A PF concluiu que Julimar Silva, fiscal da Codevasf, atuou de forma
criminosa ao liberar recursos no valor de R$ 1.501.640,00 (correspondente a
20,49% da execução física), enquanto apenas 9,32% da obra havia sido
efetivamente executada, o que equivale a R$ 696.946,68 em termos financeiros.
A investigação que envolve Juscelino Filho estĂĄ em sua fase final. A PF
estĂĄ apurando trĂȘs caminhos suspeitos de terem sido utilizados para desviar
valores de contratos da Codevasf em benefício do ministro Lula.
Esses caminhos incluem a pavimentação da estrada que beneficiava
propriedades de Juscelino, as indicações de pagamentos a terceiros e a
contratação de uma empresa que a PF suspeita ser de propriedade do próprio
Juscelino.
O ministro foi interrogado no dia 17, mas o depoimento foi interrompido
quando ele se recusou a responder às perguntas do delegado responsĂĄvel pelo
caso.
Em uma nota publicada em suas redes sociais logo após deixar a PF, o
ministro criticou o método de interrogatório, comparando-o ao modus operandi da
Operação Lava Jato, que resultou em consequĂȘncias prejudiciais para pessoas
inocentes.
O depoimento do ministro durou apenas 15 minutos e, segundo Juscelino
Filho, foi abruptamente encerrado pelo delegado quando seus advogados
comunicaram que ele responderia apenas a perguntas relacionadas ao objeto da
investigação autorizada pelo STF.
Fonte: Com informações da Folha de SP