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PF aponta suspeito de propina como tentáculo de Juscelino na Codevasf; entenda


Ricardo Stuckert/PR - 07.ago.2023

Gerente afastado da Codevasf por suspeita de receber propina atuou em contratos custeados com emendas do atual ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), que estão sob investigação da Polícia Federal

Julimar Alves da Silva Filho deixou a estatal após ser alvo da Operação Odoacro, que investiga a atuação da empresa Construservice em contratos no estado do Maranhão, alguns dos quais foram financiados por emendas de Juscelino Filho quando ele era deputado.

Segundo a PF, Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP, é sócio da empresa. A polícia afirma que "Juscelino Filho e "Eduardo DP" possuem tentáculos dentro da Codevasf para gerir e desviar recursos", referindo-se ao fiscal afastado Julimar Alves da Silva Filho.

Quebras de sigilo bancário mostram que Julimar e sua esposa receberam cerca de R$ 250 mil de contas ligadas ao grupo empresarial de Eduardo DP durante o período em que Julimar fiscalizava obras de pavimentação asfáltica.

O Ministério das Comunicações nega qualquer relação de Juscelino Filho com o caso, afirmando que ele apenas indicou emendas parlamentares para obras, cuja licitação e fiscalização são responsabilidade do Poder Executivo.

Além disso, Julimar atuou em obras na cidade de Vitorino Freire (MA), comandada pela prefeita Luanna Rezende, irmã do ex-presidente Lula (PT). Uma dessas obras, financiada por emenda de Juscelino, enfrentou problemas, com grande parte das ruas apresentando buracos e asfalto quase inexistente.

A Codevasf alega que 85% da obra foi concluída, mas cobrou da prefeitura a devolução de parte dos recursos. Diálogos entre Juscelino e Eduardo DP relacionados ao convênio também foram encontrados pela PF.

Em abril passado, a Codevasf publicou um "extrato de confissão e parcelamento de dívida", no qual a prefeitura reconhece dever R$ 802,7 mil à estatal federal devido a um convênio de R$ 5,2 milhões indicado por Juscelino quando era deputado.

A prefeitura nega que arcará com os prejuízos da obra e afirma que a Construservice será responsabilizada por devolver os recursos aos cofres públicos. A PF também investiga a atuação do gerente da Codevasf em uma obra de pavimentação de estrada que passa por propriedades da família de Juscelino Filho, cujo valor total era de R$ 7,5 milhões.

A Polícia Federal também está investigando a atuação do gerente da Codevasf em uma obra de pavimentação de estrada que passa por propriedades da família de Juscelino Filho. O valor total da obra, que não foi concluída, era de R$ 7,5 milhões.

De acordo com a PF, Julimar emitiu um parecer favorável à aprovação do projeto da obra com uma "justificativa simplista e sem qualquer aprofundamento técnico ou de interesse público".

Além disso, ele inseriu na Plataforma Brasil um boletim de medição de obra que não condizia com a realidade.

A PF concluiu que Julimar Silva, fiscal da Codevasf, atuou de forma criminosa ao liberar recursos no valor de R$ 1.501.640,00 (correspondente a 20,49% da execução física), enquanto apenas 9,32% da obra havia sido efetivamente executada, o que equivale a R$ 696.946,68 em termos financeiros.

A investigação que envolve Juscelino Filho está em sua fase final. A PF está apurando três caminhos suspeitos de terem sido utilizados para desviar valores de contratos da Codevasf em benefício do ministro Lula.

Esses caminhos incluem a pavimentação da estrada que beneficiava propriedades de Juscelino, as indicações de pagamentos a terceiros e a contratação de uma empresa que a PF suspeita ser de propriedade do próprio Juscelino.

O ministro foi interrogado no dia 17, mas o depoimento foi interrompido quando ele se recusou a responder às perguntas do delegado responsável pelo caso.

Em uma nota publicada em suas redes sociais logo após deixar a PF, o ministro criticou o método de interrogatório, comparando-o ao modus operandi da Operação Lava Jato, que resultou em consequências prejudiciais para pessoas inocentes.

O depoimento do ministro durou apenas 15 minutos e, segundo Juscelino Filho, foi abruptamente encerrado pelo delegado quando seus advogados comunicaram que ele responderia apenas a perguntas relacionadas ao objeto da investigação autorizada pelo STF.


Com informações da Folha de SP

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