A TV Globo, uma das maiores emissoras do Brasil, encontra-se em um
momento crítico. Após enfrentar recusas em massa de convites para novas novelas
por parte de renomados atores, a emissora decidiu realizar uma reunião
extraordinária na tentativa de reverter a situação. A reunião, liderada pelo
diretor geral Amaury Soares, aconteceu no último final de semana e contou com a
participação de executivos da teledramaturgia.
Nas últimas semanas, a Globo tem enfrentado um desafio significativo: a
rejeição de convites por parte de grandes nomes da dramaturgia, como Glória
Pires, Murilo Benício, Larissa Manoela e Marina Ruy Barbosa. Esse fenômeno,
segundo fontes internas, deve-se a uma mobilização de atores veteranos e jovens
artistas através do WhatsApp, onde discutem a insatisfação com os valores
oferecidos nos novos contratos. Muitos dos convites para participação em obras
por temporada foram recusados, alegando remunerações muito abaixo do esperado.
Isso levou a emissora a repensar sua estratégia de cortes no setor de
dramaturgia, que inicialmente visava uma renovação e redução de custos.
Durante a reunião, ficou claro que os novos talentos escalados para
papéis de destaque – embora competentes – não conseguiram estabelecer o mesmo
vínculo afetivo com o público que os veteranos. Esse descolamento afetou
diretamente o desempenho das audiências, que tem sido inferior ao esperado.
Segundo o jornalista Alessandro Lo-Bianco, os executivos da Globo estão cientes
de que a ausência de atores consagrados tem um impacto direto na recepção das
novelas pelo público.
O principal objetivo da reunião foi discutir formas de reter os talentos
consagrados da programação. Uma das sugestões mais debatidas foi o retorno ao
modelo de elenco fixo, que há algum tempo foi substituído por contratos
temporários. Essa proposta surgiu em resposta ao alto número de recusas, com
pelo menos nove atores de renome negando convites recentemente. Além de Glória
Pires e Murilo Benício, nomes como Larissa Manoela e Marina Ruy Barbosa também
aderiram à mobilização, expressando descontentamento com os valores ofertados.
Para contornar a crise, a Globo estuda a possibilidade de implementar
contratos fixos com duração de dois anos, com vencimentos mensais entre R$ 80
mil e R$ 100 mil. Essa faixa salarial foi considerada após avaliação das
direções comercial e financeira da emissora, que buscam equilibrar a
necessidade de atratividade para os artistas com a sustentabilidade financeira
da empresa. O valor precisa ser suficientemente competitivo para trazer de
volta os veteranos, mas também realista dentro do novo contexto econômico e de
contrato da emissora.
Outro ponto importante abordado na reunião foi o fato de que mais de 90%
dos contratos no setor de dramaturgia estão programados para terminar no final
do primeiro semestre. Esse dado acendeu um alerta vermelho entre os executivos,
que veem a urgência de resolver a situação antes que se agrave ainda mais. Caso
a Globo não consiga renovar com os talentos consagrados ou atrair novos nomes
de peso, há um risco considerável de queda na qualidade e popularidade de suas
produções.
A emissora está em um verdadeiro dilema: enquanto a renovação é
necessária para manter a relevância e inovação, a presença de rostos conhecidos
é crucial para a fidelidade do público. A decisão de retornar ao modelo de
elenco fixo parece ser um passo importante para resgatar a conexão emocional
entre os atores e os telespectadores, um dos pilares que sustentou o sucesso da
Globo ao longo das décadas.
Em meio ao turbilhão, a Globo continua avaliando outras alternativas
para reter e atrair talentos. Entre as possibilidades, estão a flexibilização
dos contratos e a criação de novos incentivos para os artistas. O cenário ainda
é incerto, mas a reunião extraordinária deixou claro que a emissora está
disposta a fazer mudanças significativas para manter sua posição de liderança
no mercado.
A decisão final sobre as novas estratégias de contratação deverá ser
tomada nos próximos dias, com a expectativa de que as novas diretrizes sejam
implementadas rapidamente para evitar uma crise ainda maior. Enquanto isso, o
setor de dramaturgia da Globo permanece em estado de alerta, aguardando as
resoluções que poderão definir o futuro das novelas brasileiras.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/