A disputa pela herança de Olavo de Carvalho está em curso entre as filhas do filósofo. Heloísa de Carvalho, uma das herdeiras do escritor, foi excluída da partilha de bens nos Estados Unidos e agora luta pelo direito de receber uma parte do patrimônio no Brasil. Se obtiver sucesso, seu objetivo é quitar uma dívida que o pai tinha com o cantor Caetano Veloso.

Em entrevista ao Uol, Heloísa afirmou ser a única da família interessada em pagar a multa que Olavo de Carvalho recebeu por ter chamado Caetano de pedófilo em 2017. "Assim que eu tiver o testamento em mãos, transferirei meu crédito para Caetano. Eles sabem que Olavo não possui esse patrimônio", declarou.

A ação movida por Caetano prevê o pagamento de uma multa de R$ 3 milhões, e o pedido de penhora de bens para quitar esse valor sugere que o pai também possuía bens no Brasil. Heloísa foi excluída do testamento nos EUA.

"Aqui no Brasil, tenho direito à herança, e ele possui bens aqui. Meus irmãos não podem me excluir da partilha, já que Olavo não moveu ação de indignidade contra mim. A divisão seria de 50% para a viúva e os outros 50% entre os demais herdeiros", comentou Heloísa.

Heloísa de Carvalho foi a única dos oito filhos do escritor e conservador Olavo de Carvalho que não recebeu nenhuma porcentagem da herança do pai, que faleceu em 2022 aos 74 anos. A primogênita se destacou por ter posicionamento político oposto ao de Olavo, chegando a ser filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Em 2017, Olavo de Carvalho registrou queixa contra Heloísa, acusando-a de integrar uma organização criminosa apoiada por partidos de esquerda com o objetivo de difamar sua reputação. O caso foi arquivado.

No mesmo ano, Heloísa publicou "Carta aberta a um pai" no blog Prometheo Liberto. No texto, a bacharel em direito relembra uma infância conturbada e acusa Olavo de Carvalho de, "em um surto de loucura", ter apontado uma arma para a cabeça dos filhos. Segundo Heloísa, o pai também soube que ela havia sido abusada sexualmente aos 9 anos e "não fez absolutamente nada".

Olavo chegou a processar a filha por calúnia e difamação após a publicação da carta, mas posteriormente eles chegaram a um acordo judicial. Em 2020, entretanto, Heloísa lançou o livro "Meu pai, o guru do presidente: a face ainda oculta de Olavo de Carvalho", no qual o acusa de abandono intelectual por não tê-la enviado à escola.

Na época do falecimento do pai, Heloísa de Carvalho informou que a morte foi decorrente da Covid-19. "Que Deus o perdoe por todas as maldades que cometeu", escreveu ela ao compartilhar a nota de falecimento de Olavo de Carvalho.

Exclusão do testamento

O testamento de Olavo de Carvalho, firmado no estado da Virgínia (EUA) em 2018, divide entre esposa, filhos e irmão suas casas nos Estados Unidos e valores de direitos autorais. Heloísa é a única dos oito filhos do conservador a ficar de fora desse documento.

No ano passado, ela solicitou a abertura do inventário e requereu o direito de ser inventariante de seus bens e produções intelectuais na 3ª Vara da Família e Sucessões do Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo ela, o patrimônio seria usado para "descobrir se empresários financiavam a máquina de ódio e notícias falsas" de seu pai.

Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/