Elvira Polippo, 55, e o filho João Emiliano, 36, são dois
sobreviventes da calamidade que assola o Rio Grande do Sul. Moradores de
Cruzeiro do Sul, distante 182 quilômetros de Porto Alegre, eles ficaram cerca
de cinco dias à deriva na enxurrada.
Em 1° de maio, a casa da família não suportou a intensidade da
água e desabou com eles dentro.
No momento da tragédia, os dois se agarraram ao telhado da
habitação.
Em 5 de maio, Elvira e João foram localizados no município de
Lajeado, após serem arrastados por cerca de 11 quilômetros. Eles foram
resgatados de lancha por um grupo de voluntários que estão atuando no resgate
de vítimas pela região.
Posteriormente, mãe e filho foram encaminhados a um hospital de
Taquari, distante cerca de 53 quilômetros do local em que foram encontrados,
para receber o atendimento necessário.
Como os dois sobreviveram?
Durante os cinco dias em que ficaram à deriva, mãe e filho utilizaram-se dos
escombros de casas e construções para se apoiarem e não afogarem. Por conta da
situação, Elvira teve a perna machucada e pegou leptospirose, doença bacteriana
geralmente transmitida pela urina de animais.
"Embaixo era água e em cima era lixo. Um bicho chegou a me morder.
Tinha porco, vaca, muitos bichos mortos", disse Elvira.
Já seu filho, dias antes, havia sofrido um acidente de moto e
precisou realizar uma cirurgia. Quando foi levado pelas águas, ele ainda se
recuperava do ocorrido.
"Cinco dias sem comer nada, chovendo todas as noites. Nós já
estávamos desesperados, já estávamos perdendo as forças", prosseguiu Elvira.
Luto
pelo marido
Entretanto, Elvira perdeu o marido, Valson Tende, para a força das águas.
Segundo a viúva, o companheiro, que tinha 66 anos, morreu afogado em 1° de
maio.
Com vinte e três anos vivendo uma união estável, o casal não tinha
filhos juntos, apenas de relacionamentos anteriores.
Tende era brigadista aposentado. Segundo a família, o corpo dele
foi encontrado em Mariante, distante cerca de 34 km, já em decomposição, cerca
de 8 dias após o ocorrido.
Recuperação
Após receber alta, dona Elvira e o filho João agora se recuperam na casa da
irmã dela, em Lajeado. De acordo com a sobrevivente, a residência não foi
afetada pelas chuvas.
Sobre os dias em que ficou internada, a gaúcha só fez elogios aos
profissionais que atenderam a ela e ao filho no hospital: "Nos deram banho, uma
comida quentinha para comer, nos deram roupas, já que perdemos tudo. Fomos
muito bem acolhidos e bem tratados no hospital em Taquari", citou.
A moradora de Cruzeiro do Sul assegura que a família agora só
deseja se recuperar o mais rápido possível.
Para dona Elvira, ter sobrevivido com o filho pode ser considerado
um verdadeiro milagre:
"Foi um milagre mesmo. Em meio a força da água, foi um verdadeiro
milagre", finalizou.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/