O governo federal já prometeu ao menos
R$ 4,8 bilhões para o Rio Grande do Sul, em meio às fortes chuvas e a
calamidade pública enfrentadas pelo estado. O valor inclui uma espécie de
"emenda de resgate emergencial" criada pelo Executivo, com R$ 1,3 bilhão, e a
suspensão de R$ 3,5 bilhões da dívida do RS com a União, que deve ocorrer até o
fim deste ano.
Além disso, o governo federal prepara
uma linha de crédito especial para a reconstrução das casas atingidas pelas
enchentes e uma medida provisória com recursos adicionais. Até a tarde dessa
quarta (8), o total de mortos por causa das enchentes chegou a 100 pessoas e
quatro óbitos estavam sob investigação.
O Executivo pretende editar a medida
provisória com liberação de recursos para o estado ainda nesta semana. A ideia
do governo é centralizar os auxílios financeiros ao Rio Grande do Sul em um
único texto, o que não exclui a possibilidade de novos valores serem incluídos
na medida, conforme necessidade.
Para a definição dos valores
necessários, é esperada uma reunião entre o governador do Rio Grande do Sul,
Eduardo Leite (PSDB), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O encontro deve
ocorrer ainda nesta semana, em Brasília.
Dívida do estado
O projeto que trata da suspensão da
cobrança da parcela mensal da dívida do Rio Grande do Sul com a União foi
enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Haddad nessa quarta (8). A
expectativa é que Lula anuncie a proposta nesta quinta (9). A medida interrompe
o pagamento dos valores até o fim do estado de calamidade pública, em 31 de
dezembro de 2024. Os valores somados no intervalo chegam a R$ 3,5 bilhões
"Emenda emergencial"
A chamada "emenda de resgate
emergencial" foi anunciada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre
Padilha, na terça (7). Segundo o titular, a medida foi criada pelo governo
federal para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul.A ideia é que os
recursos já indicados por parlamentares sejam remanejados para as áreas de
saúde, defesa civil e assistência social.
Essa emenda já soma R$ 1,3 bilhão para
os municípios atingidos. Padilha explicou os gastos até o momento com o estado
e a previsão para os próximos dias — já foram pagos R$ 542 milhões e outros R$
246 milhões serão depositados até o fim desta semana. Além disso, há R$ 480
milhões de transferências especiais e R$ 150 milhões de emendas de comissão,
das quais R$ 88 milhões serão pagos até esta sexta-feira (10).
Crédito para famílias
Nessa quarta (8), Haddad afirmou que a
linha de crédito especial para as famílias atingidas pelas chuvas no Rio Grande
do Sul será ampla. Apesar de não detalhar o projeto de ajuda à população
gaúcha, o ministro declarou que o governo trabalha em "várias frentes" e que já
conversou com o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas,
sobre o tema. O assunto foi discutido entre Lula e Haddad nessa quarta (8).
Temos que fazer uma medida ampla para depois fazer
uma avaliação concreta sobre o que vai precisar. As imagens deixam claro que
muitas vezes nós estamos falando da reconstrução de uma vida toda que se
perdeu. Então, temos que ter muito cuidado, acompanhamento, transparência. Já
falei com o presidente Bruno Dantas sobre isso, para as coisas serem bem
encaminhadas, mas a tragédia exige uma providência mais abrangente. Por isso,
estamos trabalhando em várias frentes.
FERNANDO HADDAD, MINISTRO DA FAZENDA
Decreto de calamidade e recursos fora do orçamento
O decreto legislativo que reconhece
estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul por causa das fortes chuvas,
cuja aprovação foi concluída pela Câmara e Senado entre segunda (6) e terça
(7), não precisa de sanção presidencial, apenas de promulgação pelo
Legislativo.
A matéria permite que os recursos para
a reconstrução do RS não sejam contabilizados nas metas fiscais e no limite
orçamentário que o governo deve cumprir em 2024, ao abrir uma exceção na LRF
(Lei de Responsabilidade Fiscal). O texto do decreto foi enviado ao Congresso
pelo presidente Lula na segunda (6).
Na prática, a medida retira as amarras
burocráticas e acelera o envio de recursos ao estado. O orçamento extra será autorizado
apenas para as ações relacionadas à calamidade pública.
O decreto também vai servir de base
para permitir outras ações, como a edição de medidas provisórias para créditos
extraordinários, negociações para suspender os pagamentos mensais das obrigações
da dívida estadual com a União e incentivos para o setor produtivo.
Fonte: Portal Correio