O Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios (TJDFT) pediu na terça-feira (30/4) que o presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco, apure o suposto uso indevido da Advocacia da Casa pela
diretora-geral, Ilana Trombka. O pedido consta de um processo em que Trombka
foi arrolada como testemunha.
O juiz Ernane Fidelis Filho alegou que
a diretora-geral não poderia ter usado os advogados do Senado para tentar
tirĂĄ-la do rol de testemunhas. O processo no qual Trombka foi ouvida como
testemunha tratava sobre suposta prĂĄtica de assédio moral entre dois servidores
do Senado.
"Não hĂĄ poderes [da Advocacia do
Senado] para atuar em nome de servidor quando esse é arrolado como testemunha:
primeiro porque o suposto interesse do Senado é, na verdade, aqui inexistente,
pois a procedĂȘncia ou improcedĂȘncia do pedido não terĂĄ qualquer efeito no
patrimônio material ou imaterial da União (Senado Federal)", disse o
magistrado. O site da Advocacia do Senado não cita a defesa de funcionĂĄrios da
Casa entre as atribuições do órgão.
Fidelis Filho apontou ainda que um dos
advogados do Senado, ao agir em favor da diretora-geral, tentou interferir no
caso ao atrapalhar uma audiĂȘncia e "exigiu" uma decisão instantânea sobre a
saída de Trombka do rol de testemunhas.
Segundo o magistrado, houve "utilização
indevida da advocacia do Senado Federal e, mais grave, uma insistente tentativa
de obstar o exercício legítimo da função jurisdicional. Creio, pois, que o
presidente do Senado Federal deve ser informado desses fatos para, se for o
caso, tomar alguma medida que seja pertinente", escreveu o juiz do TJDFT.
Fidelis Filho pediu ainda que Pacheco apure "eventual falta funcional" da
diretora e dos advogados do Senado.
Procurado, o Senado negou que a
Advocacia da Casa tenha sido usada de forma indevida. A Casa alegou que Trombka
usou os advogados do Senado porque foi alvo de outro processo movido por um dos
servidores envolvidos na ação julgada por Fidelis Filho. O caso foi revelado
pela coluna em 2023.
"Pela conexão entre os processos
judiciais, com implicações para sua defesa, a diretora-geral compareceu
regularmente acompanhada pelos advogados do Senado", disse a nota. "A opinião
externada pelo magistrado na sentença, que merece todo o respeito, não revela a
aplicação adequada das competĂȘncias da Advocacia do Senado Federal. No mais,
trata-se de divergĂȘncia na aplicação de regras processuais, que devem ser
resolvidas nas esferas recursais competentes", completou o comunicado.
Procurada, a diretora-geral do Senado
não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/