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Após Janja batizar submarino, Marinha perde verba e 200 funcionários são demitidos

Por Blog do Elias Hacker 30/04/2024 às 19:39:24

Lula (PT), Janja e Macron participaram de evento da Marinha, em 27 de março, quando a esposa de Lula, acompanhada pelo comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, subiu uma escadaria com um espumante na mão e quebrou a garrafa no casco do S-42, o submarino Tonelero, em Itaguaí, no Rio. Trata-se do gesto tradicional de batismos em embarcações. A cerimônia teve discurso de Lula: "Nesse estaleiro de Itaguaí vislumbramos a imensidão do espaço marítimo brasileiro".

Mas no dia seguinte…..
Entretanto, de acordo com reportagem do jornalista Marcelo Godoy, em sua coluna de hoje (29/4), no jornal "O Estado de São Paulo", um dia depois do encontro entre Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva, no lançamento do Tonelero, a Marinha teve bloqueados 83% dos recursos destinados justamente ao Prosub, o programa estratégico de desenvolvimento de submarinos da Marinha.

Aliás, na verdade, o decreto com o bloqueio dos recursos, assinado por Lula e pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), foi publicado no dia 28 de março (quando aconteceu o batismo). Ou seja, enquanto Janja banhava o Tonelero com espumante no dia 27, os cortes eram assinados pelos ministros.

O projeto
Ele prevê a construção de quatro embarcações convencionais da classe Scorpène, produzidos em parceria com a França, em Itaguaí. E também a edificação ali da base naval que abrigará o grupo, inclusive uma quinta embarcação, a mais importante de todas, o Álvaro Alberto, primeiro submarino a propulsão nuclear do País.

Como resultado dos atrasos e cortes e bloqueios de verba do programa, a Itaguaí Construções Navais (ICN) anunciou a demissão de 200 trabalhadores engajados na construção dos submarinos.

Ainda de acordo com a reportagem, parte desses homens e mulheres assistiu à festança de Lula, Janja e Macron. "Eu te batizo, submarino Tonelero. Que Deus abençoe esse submarino e todos os marinheiros que aqui navegarem", disse a Janja, ao quebrar a garrafa no casco, na cerimônia do dia 27.

O Estadão apurou que outros 400 funcionários podem perder o emprego em Itaguaí no segundo semestre se a conta do Prosub não for paga pelo governo.

As contas
A dotação orçamentária da Marinha para 2024, considerando-se o programado apenas para o custeio e para os investimentos é de R$ 3,1 bilhões ou 27% do destinado ao Ministério da Defesa (MD).

Desse total, R$ 1,01 bilhão estava reservado para o custeio e R$ 2,08 bilhões para investimentos da Força Naval.
Os dados mostram que dos R$ 3,1 bilhões programados para custeio e investimentos, a Força teve uma redução de R$ 466,8 milhões (13,1%). Foram R$ 168,9 milhões de recursos de custeio (14,2%), aquele que paga, por exemplo, as contas de água e de luz, e R$ 297,9 milhões reservados para investimento (12,5%).

Parte dessa perda aconteceu em dois cortes. O primeiro ocorreu em março. Ele foi de R$ 168 milhões e atingiu todos os setores da Marinha. Logo depois, veio a decisão da Junta de Execução Orçamentária (JEO) do governo de bloquear R$ 446 milhões das despesas discricionárias do Ministério da Defesa.

Este, por sua vez, definiu que quase metade desse valor seria absorvido pela Marinha, que entrou com R$ 199,9 milhões para "pagar a conta", cujo impacto será totalmente absorvido pelo Prosub. O atraso desse projeto é apenas uma parte dos prejuízos vislumbrados pelo almirantado e por seus parceiros.

Futuro?
Caso permaneça o cenário atual, a Marinha teme que o Naval Group (grupo industrial francês especializado em projeto, desenvolvimento e construção de defesa naval) interrompa o fornecimento de material para a construção do último submarino convencional previsto pelo programa (Angostura).

Além disso, arrisca-se o atraso na construção da infraestrutura de apoio ao submarino nuclear, o Complexo de Manutenção Especializada. Pelos cálculos aos quais a coluna teve acesso, cada ano de atraso na edificação do complexo naval de Itaguaí representaria um gasto extra de R$ 150 milhões com manutenção das instalações, apoio operacional e plano básico ambiental.

Por enquanto, o Prosub já consumiu R$ 50 bilhões em 15 anos – quase uma Itaipu. Para o almirantado, sua inviabilização resultaria em perda não só de recursos, mas em um desastre para o desenvolvimento tecnológico do País.

Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/

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