O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quer "subir o
sarrafo" de quem pode propor ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) no
Supremo Tribunal Federal, inclusive contra decisões do parlamento. "Temos
parlamentares que tĂȘm coragem de enfrentar esse tema", assegurou.
As falas de Lira são de discurso feito, na manhã deste sĂĄbado (27), na
abertura da 89ÂȘ ExpoZebu em Uberaba (MG), organizada pela Associação Brasileira
dos Criadores de Zebu (ABCZ). A mudança nas ADI exigiria aprovação de emenda
constitucional, com aprovação de trĂȘs quintos dos votos dos deputados (308) e
dos senadores (49), em dois turnos em cada casa parlamentar.
As ações diretas de inconstitucionalidade estão previstas na
Constituição Federal (artigos 102 e 103). Conforme a norma, podem pedir ADI o
presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos
Deputados; mesas de assembleias legislativas ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal; governadores de estado ou do Distrito Federal; o
procurador-geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil; partidos políticos com representação no Congresso Nacional; e
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
"O que é que adianta um projeto com 400 votos no plenĂĄrio da Câmara e um
parlamentar entra com a ADI e um ministro [do STF] dĂĄ uma liminar?", indagou o
presidente da Câmara se referindo à suspensão de decisões tomadas no Congresso.
Segundo ele, o STF recebe essas demandas "todos os dias de todos os setores" e
as "discussões [jurídicas] nunca findam."
O presidente da Câmara prometeu até o final do seu mandato, em janeiro
de 2025, discutir nova legislação sobre desmatamento ilegal e exploração de
minério ilegal no país. "Nós sabemos que existe e fechamos os olhos para não
tratar de uma legislação. E quem paga a conta lĂĄ fora é o produtor rural
indevidamente."
Reforma tributĂĄria
Lira prevĂȘ no seu mandato votar a regulamentação da reforma tributĂĄria. A tramitação
na Câmara dos Deputados não terĂĄ relator único. "Nós vamos fazer grupos de
trabalho com deputados que não tenham interesses nas ĂĄreas que vão ser tratadas
para que a gente faça um enxugamento nos 500 artigos".
Dos 513 deputados, 324 pertencem à Frente Parlamentar da AgropecuĂĄria,
com membros da base do governo e da oposição. Arthur Lira prometeu que o
agronegócio, assim como saúde e educação, terĂĄ tratamento "diferenciado" na
regulamentação da nova legislação dos tributos.
Diante da plateia ruralista, o presidente da Câmara ainda criticou as
manifestações ocorridas no Abril Vermelho, campanha tradicional pró reforma
agrĂĄria que esse ano promoveu 24 ocupações em 11 estados. "Essa confusão de
Abril Vermelho, a gente tem que desestimular que isso aconteça no Brasil. A
segurança jurídica no campo é a única coisa que o produtor precisa para
produzir, seja na pecuĂĄria, seja na agricultura."
Crédito para os produtores
Também presente na 89ÂȘ ExpoZebu, o ministro da Agricultura e PecuĂĄria, Carlos
FĂĄvaro, anunciou o lançamento de uma nova linha de crédito para produtores
rurais para conversão de pastagens, com juros subsidiados de menos de 5% ao
ano. Os recursos serão obtidos por meio de convĂȘnio do Brasil com a agĂȘncia de
cooperação do governo do Japão, a Jica.
FĂĄvaro ainda prometeu que o novo Plano Safra vai atender produtores que
estejam com "renda achatada" neste momento. "O presidente Lula me disse que não
podemos deixar os produtores que tiverem dificuldade, por falta de preço, de
renda ou de intempéries climĂĄticas, caírem na inadimplĂȘncia.
Segundo ele, jĂĄ estĂĄ aprovada a "repactuação de dívidas de
investimentos" para todos os produtores brasileiros. "Não ficarĂĄ nenhum
produtor de fora que tenha necessidade. Basta protocolar no seu banco um
documento falando com a incapacidade técnica de pagamento que serĂĄ atendido e
nós estamos vigilantes para tudo isso."
Além de FĂĄvaro e Lira,
estiveram presentes na abertura da exposição os governadores Elmano de Freitas
(CearĂĄ); Ronaldo Caiado (GoiĂĄs) e Romeu Zema (Minas Gerais
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/