O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que aprecia liminar que
suspendeu a prorrogação da desoneração da folha foi interrompido, na noite
desta sexta-feira (26/4), após Luiz Fux pedir vistas. Até o momento, quatro
ministros referendaram a decisão de Cristiano Zanin.
Na sessão virtual, antes do pedido de vistas, Zanin foi acompanhado
pelos ministros Flávio Dino, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Edson
Fachin. Pelas regras em vigor, Fux tem até 90 dias para devolver o tema a
julgamento.
A decisão cautelar do relator, Zanin, foi tomada na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) nº 7.633. O ministro acolheu um pedido do governo
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para suspender trechos da lei que prorrogou a
desoneração da folha de pagamento até 2027.
O pedido foi encaminhado pela Advocacia-Geral da União (AGU) na
quarta-feira (24/4).
O ministro do STF deliberou que, sem indicação do impacto orçamentário
sobre a desoneração, poderá ocorrer "um desajuste significativo nas contas
públicas e um esvaziamento do regime fiscal constitucionalizado".
"A solução provisória, que busca privilegiar o espaço institucional de
cada Poder, sem descurar da função constitucional do Supremo Tribunal Federal
de verificar a validade dos atos normativos à luz da Constituição Federal,
consiste em suspender a eficácia dos arts. 1o, 2o, 4o e 5o da Lei nº
14.784/2023, com a imediata submissão desta decisão ao Plenário do Supremo
Tribunal Federal para confirmação ou não de tal deliberação, que busca
preservar as contas públicas e a sustentabilidade orçamentária", diz trecho da
decisão de Cristiano Zanin.
No fim do ano passado, o presidente Lula editou a Medida Provisória (MP)
nº 1.202/2023, com o intuito de equilibrar as contas públicas. A ação previa a
retomada gradual da carga tributária para 17 setores da economia.
No entanto, em ação contrária, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº
14.784/2023, que prorrogou a desoneração fiscal e diminuiu para 8% a alíquota
da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento dos municípios.
De acordo com o Ministério da Fazenda, a medida pode custar até R$ 10
bilhões aos cofres da União. "A lacuna é gravíssima, sobretudo se considerado o
fato de que a perda de arrecadação anual estimada pela Receita Federal do
Brasil com a extensão da política de desoneração da folha de pagamento é da
ordem de R$ 10 bilhões anuais", contabiliza a Advocacia-Geral da União em
trecho do documento.
Repercussão
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou como
"erro" o pedido do governo federal para que o STF suspenda trechos da lei da
desoneração da folha de pagamento até 2027.
"O governo federal erra ao judicializar a política e impor suas próprias
razões, num aparente terceiro turno de discussão sobre o tema da desoneração da
folha de pagamento. Respeito a decisão monocrática do ministro Cristiano Zanin
e buscarei apontar os argumentos do Congresso Nacional ao STF pela via do
devido processo legal. Mas também cuidarei das providências políticas que façam
ser respeitada a opção do Parlamento pela manutenção de empregos e
sobrevivência de pequenos e médios municípios", enfatizou Pacheco, em nota.
O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL),
José César da Costa, afirma que a decisão do STF é uma afronta à medida adotada
pelo Congresso Nacional.
"A decisão do ministro Zanin é, sim, uma afronta à soberania do
Congresso, mas, pior do que isso, traz insegurança jurídica ao setor produtivo.
Isso afeta diretamente a geração de empregos e renda no Brasil", destacou José
César.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/