02/05/2024 +55 (83) 98773-3673

SaĂșde

Andre@zza.net

ALERTA: Número de casos de febre oropouche dispara no Brasil; Saiba que doença é essa

Por Blog do Elias Hacker 21/04/2024 às 19:47:07

Shutterstock

O Brasil estĂĄ enfrentando um aumento significativo nos casos de febre oropouche. Segundo o Ministério da SaĂșde (MS), houve um aumento de quatro vezes no nĂșmero de casos registrados em comparação com o ano anterior. Em 2023, foram registrados 832 casos, enquanto nas primeiras quinze semanas de 2024, o nĂșmero saltou para 3.354.

A maioria dos casos deste ano, 2.538, foram registrados entre os residentes do Amazonas. Rondônia (574), Acre (108), ParĂĄ (29) e Roraima (18) também relataram casos. Fora da região Norte, Bahia (31), Mato Grosso (11), São Paulo (7) e Rio de Janeiro (6) tiveram o maior nĂșmero de registros da doença.

Segundo informações do NotĂ­cias ao Minuto Brasil, o MS atribui o aumento no nĂșmero de casos à descentralização do diagnóstico laboratorial para detecção do vĂ­rus nos estados da região amazônica, onde a febre é considerada endĂȘmica.

No entanto, a situação é mais complexa. Embora a Amazônia tenha uma maior disponibilidade de exames, existem outras regiões do Brasil sem a possibilidade de detecção, sugerindo que o nĂșmero real de casos de febre oropouche pode ser muito maior do que o registrado.

Outro fator que contribui para a subnotificação é a semelhança dos sintomas da oropouche com a dengue. Ambas são arboviroses, doenças virais transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos, e costumam causar dor de cabeça, nos mĂșsculos e articulações, além de nĂĄusea e diarreia.

A infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Emy Gouveia, analisou que o ritmo atĂ­pico da febre oropouche, assim como da dengue, também pode estar associado ao fenômeno El Niño e às mudanças climĂĄticas, que resultam em temperaturas elevadas e chuvas irregulares, condições ideais para a reprodução dos mosquitos transmissores e, consequentemente, disseminação da doença.

A febre oropouche é uma doença causada pelo vĂ­rus oropouche. Transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, esse vĂ­rus foi detectado no Brasil na década de 1960 a partir de amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-BrasĂ­lia.

Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica. Também jĂĄ foram relatados casos e surtos em outros paĂ­ses das Américas Central e do Sul (PanamĂĄ, Argentina, BolĂ­via, Equador, Peru e Venezuela).

A transmissão ocorre quando um mosquito pica primeiro uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, pica uma pessoa saudĂĄvel, passando a doença para ela. Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença: o ciclo silvestre e o ciclo urbano.

"A diversidade de mosquitos envolvidos na transmissão do vĂ­rus é uma das preocupações mais sérias em relação ao aumento de casos no Brasil, especialmente em regiões além da Amazônia, uma vez que a disseminação pode ocorrer de maneira mais rĂĄpida, considerando que as pessoas também são hospedeiras", afirma Emy.

Além da diferença entre os mosquitos vetores, que, no caso da dengue, é o Aedes aegypti, as doenças se diferenciam pela evolução do quadro clĂ­nico. Uma caracterĂ­stica especĂ­fica da oropouche é a apresentação de ciclo bifĂĄsico. Geralmente, a pessoa tem febre e dores por alguns dias e eles desaparecem em seguida. Após uma semana, o quadro da doença retorna, até sumir novamente.

Segundo Emy, não hĂĄ casos de mortalidade pela doença. Porém, uma outra caracterĂ­stica marcante é que nos casos mais graves pode haver comprometimento do sistema nervoso central, com quadros como meningite asséptica e meningoencefalite, principalmente em pacientes imunocomprometidos.

Vale ressaltar também que, diferente da dengue, ainda não hĂĄ imunizantes especĂ­ficos para a febre oropouche.

De acordo com a infectologista do Hospital Albert Einstein, os idosos e as crianças são os principais grupos de risco da febre oropouche.

Atualmente, apenas um exame faz a identificação da doença: o RT-PCR desenvolvido pela Fiocruz Amazonas. A coleta é por meio do sangue e o exame fica disponĂ­vel nos Laboratórios Centrais de SaĂșde PĂșblica (Lacens).

"Geralmente, por causa da pouca disponibilidade de exames, eles ficam restritos às pessoas com sintomas tĂ­picos da fase aguda da doença ou que testaram negativo para dengue ou chicungunya. Além disso, quando o paciente não é da Amazônia, mas teve passagem pela região, a atenção é redobrada", afirmou Emy.

De acordo com a especialista, ainda não hĂĄ um medicamento especĂ­fico para tratar a febre oropouche. Por isso, o tratamento é de suporte. Ou seja, costumam ser administradas medicações para dor, nĂĄuseas e febre, além da indicação de hidratação e repouso.

Outra diferença em relação à dengue é que a febre oropouche não possui contraindicação de medicamentos. Então, a administração de anti-inflamatórios é liberada. Mas, para isso, é essencial que exista uma diferenciação do quadro clĂ­nico, jĂĄ que a administração de certos medicamentos durante a dengue pode agravar a situação do paciente, ocasionando inclusive quadros hemorrĂĄgicos.

De acordo com o Ministério da SaĂșde, as formas de prevenção incluem:

  • Evitar ĂĄreas onde hĂĄ muitos mosquitos, se possĂ­vel;
  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas ĂĄreas expostas da pele, especialmente nas regiões com maior nĂșmero de casos;
  • Manter a casa limpa, removendo possĂ­veis criadouros de mosquitos, como ĂĄgua parada e folhas acumuladas;
  • Se houver casos confirmados na sua região, é recomendado seguir as orientações das autoridades de saĂșde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas especĂ­ficas de controle de mosquitos.

Fonte: terrabrasilnoticias.com

Comunicar erro
ComentĂĄrios