O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta melhorar sua
popularidade e adentrar em setores do eleitorado onde enfrenta resistências.
Exemplo: evangélicos e agronegócio.
O que o presidente não contava, provavelmente, era com o aumento da
pressão vinda de grupos tidos como "petistas raiz".
O sentimento em movimentos sociais e entidades de classe, no entanto, é
de que o Palácio do Planalto virou o olho para a "grama do vizinho" e esqueceu
do próprio jardim.
Nos últimos dias, vieram, em alto e bom som, cobranças sobre a decisão
do governo de não fazer referência ao marco de 60 anos da ditadura militar,
além de diversas cobranças e ameaças de greve por parte dos servidores públicos
federais.
Logo em seguida, veio o chamado Abril Vermelho, quando tradicionalmente
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aumenta as invasões na
luta pela reforma agrária como forma de protesto.
Para este ano, o Palácio do Planalto prometeu um pacote de medidas antes
das manifestações. Três datas chegaram a ser marcadas. Mas todas acabaram
adiadas.
Agora, a promessa é que os detalhes do pacote sejam anunciados na
segunda-feira (15). A aposta é que isso evite que aconteça como em 2023, quando
uma série de invasões de terras levou a Câmara a criar a CPI do MST.
Há, entretanto, uma ala de aliados do governo que entende no projeto um
afago mais ao agro do que aos movimentos sociais.
Alguns interlocutores que participaram da campanha em 2022 entendem que
as ações do governo parecem uma tentativa de "calar" grupos que sempre foram
ligados ao PT e ajudaram a colocar Lula novamente no comando do país.
Nesta última semana, o Palácio do Planalto também tentou acalmar os
ânimos dos servidores públicos federais e não conseguiu. Em reunião
extraordinária da mesa de negociação salarial – que representa cerca de 40
entidades do funcionalismo federal – até mesmo uma espécie de "ameaça"
aconteceu.
O governo federal tentou condicionar a negociação de reajuste aos
servidores federais a não realização de greve por parte das categorias.
Depois da bronca, o Planalto teve que voltar atrás e ainda prometer, por
meio da ministra de Gestão, Esther Dweck, que irá conceder 19% de reajuste aos
servidores ao longo dos quatro anos de mandato de Lula.
Na lista das reclamações de que aparece também a tentativa de ajudar na
luta por moradia as associações, povos indígenas e quilombolas.
Isso porque, nesta semana, o governo lançou o Minha Casa, Minha Vida
Entidades. O objetivo do programa é oferecer moradia para a população urbana
organizada.
No entanto, como o anúncio veio junto com o Minha Casa, Minha Vida
Rural, o entendimento foi que, ao ser dividido, esse braço do Minha Casa Minha
Vida reduziu o montante que iria para os movimentos sociais para mais uma vez
agradar um eleitorado que não está com Lula: os agricultores.
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