O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem feito consultas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre a sucessão no Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
A instituição realiza neste sĂĄbado (13) a eleição para escolher o novo procurador-geral do estado. Cinco nomes disputam o posto e serão votados por 2037 votantes. Eles comporão uma lista tríplice da qual o governador escolherĂĄ um nome.
As consultas a Moraes se devem pelo fato de ele ser egresso do órgão — o ministro foi promotor de justiça por onze anos e sempre costuma ser ouvido sobre as movimentações no MP-SP.
O outro motivo é que chegou ao governador a informação de que haveria um veto de Moraes a um dos favoritos na disputa, José Carlos Cosenzo.
Tarcísio manifestou a um interlocutor preocupação com esse veto e que se ele de fato existisse seria um empecilho para a nomeação de Cosenzo.
Aliados de Tarcísio disseram que a versão de que hĂĄ um veto a Cosenzo por parte de Moraes "não se sustenta".
A informação, porém, passou ao longo da campanha como um argumento contra Cosenzo. O candidato inclusive procurou o ex-presidente Michel Temer, responsĂĄvel pela nomeação de Moraes ao STF, para uma conversa sobre a conjuntura na qual foi tratado do assunto.
Temer confirmou a conversa e disse que recebeu a informação de Brasília de que não havia veto algum de Moraes a Cosenzo. "De fato conversei com o Cosenzo sobre isso e depois lhe disse que recebi a informação de que não havia nada do Moraes contra ele", disse.
Moraes e Cosenzo foram contemporâneos no MP-SP, mas integravam grupos internos distintos. Depois, Moraes concorreu e venceu no Senado uma disputa contra Sergio Renault para uma vaga no Conselho Nacional de Justiça. Segundo fontes do MP-SP, Cosenzo teria trabalhado por Renault, o que incomodou Moraes.
A CNN procurou Moraes, mas ele não se manifestou.
Cosenzo hoje é visto como um dos favoritos na disputa deste sĂĄbado e amealhou durante a campanha apoio de políticos de diversas vertentes e também da base.
Ele tem 71 anos e ao longo da carreira dirigiu associações de classe, o que o torna dos nomes mais cotados. Ele se aproximou nas últimas semanas de dois influentes políticos, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Andre do Prado, e o vice-governador, Felício Ramuth.
Um dos principais nomes que disputam com ele é o de Paulo Sergio Oliveira e Costa, ex-diretor da Escola Superior do MP-SP. Ele estudou na juventude com o secretĂĄrio de Governo, Gilberto Kassab, um dos nomes mais influentes do governo Tarcísio. Kassab conseguiu recentemente, por exemplo, indicar um aliado para o Tribunal de Contas do Estado.
Sarrubo
Uma manifestação em um grupo de WhatsApp do chefe do MP-SP nos últimos quatro anos, o secretĂĄrio nacional de segurança pública do governo Lula, Mario Sarrubo, ajudou a inflar a avaliação de que Paulo Sergio seria o preferido de Moraes.
Sarrubo, muito próximo a Moraes, pediu em um grupo de WhatsApp chamado "Cosenzo 2024/2026" que os promotores votem também em Paulo Sérgio Oliveira.
"Compreendo a questão do voto único. Mas ponderaria a importância de termos mais um nome com nosso perfil na lista", disse o secretĂĄrio de Segurança Pública.
Sarrubo adiou a posse no cargo em Brasília para gerenciar a sua sucessão.
O receio dele, segundo seus interlocutores, é que vençam a eleição dois candidatos críticos de sua gestão: Antonio Carlos da Ponte, ex-secretĂĄrio adjunto da Segurança Pública de São Paulo; e José Carlos Mascari Bonilha, ex-diretor geral do MP-SP.
A manifestação no grupo gerou incômodo entre promotores, que consideraram uma interferĂȘncia indevida no processo eleitoral.
Procurado ontem pela CNN, Sarrubo não se manifestou.
A ex-corregedora do MP-SP, Tereza Exner, tem apoio de correntes mais progressistas do órgão e corre por fora na disputa interna.
A aposta no MP é que a lista tríplice deverĂĄ trazer Cosenzo, Da Ponte e Paulo Sergio. Na eleição, os promotores podem votar em até trĂȘs nomes.
Fonte: CNN