O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos mais ferrenhos
contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), saiu em defesa da posição do empresário Elon Musk, dono do
X (antigo Twitter), que questionou o ministro Alexandre de Moraes sobre uma
suposta "censura" no Brasil.
"É o que sempre digo: não faltam leis, projetos, emenda pro Brasil.
Falta homem com testosterona", disse Nikolas em uma das publicações feitas no
X. Ele respondeu a um comentário que exaltava a ação de Musk de reverter
decisões da Justiça brasileira que determinaram o bloqueio de contas em redes
sociais.
Na madrugada de sábado (6), Musk respondeu em tom de crítica uma
publicação feita por Moraes em 11 de janeiro, em que parabenizava o ministro da
Justiça de Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pela posse no cargo. "Por
que vocês exigem tanta censura no Brasil?", questionou o empresário.
O bilionário continuou seus questionamentos em outras mensagens. Uma
delas dizia: "Esta censura agressiva parece violar a lei e a vontade do povo do
Brasil". Em outra publicação, que foi fixada ao perfil de Musk para que apareça
sempre em destaque na página, ele escreveu:
"Estamos levantando todas as restrições. Este juiz aplicou multas
pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortou o acesso ao X no Brasil.
Como resultado, provavelmente perderemos todas as receitas no Brasil e teremos
que fechar nosso escritório lá. Mas os princípios são mais importantes do que o
lucro".
A fala foi entendida como uma declaração explícita de que Musk vai
reverter todas as restrições determinadas pela Justiça brasileira a contas
banidas. O aviso foi publicado pelo empresário às 19h31 do sábado. Entre as
contas derrubadas por decisões judiciais, estão as do ex-deputado Daniel
Silveira, do blogueiro Allan dos Santos e do youtuber Monark.
Depois, o advogado-geral da União, Jorge Messias, criticou Musk sem citar
o empresário. "É urgente regulamentar as redes sociais. Não podemos conviver em
uma sociedade em que bilionários com domicílio no exterior tenham controle de
redes sociais e se coloquem em condições de violar o Estado de Direito,
descumprindo ordens judiciais e ameaçando nossas autoridades. A Paz Social é
inegociável", disse.
O debate sobre a regulamentação das redes sociais não é novidade no
Brasil, mas enfrenta grande resistência da ala que integra a atual oposição,
composta por políticos críticos a Lula e simpáticos a Bolsonaro. Esse grupo tem
as plataformas virtuais como o principal meio de comunicação com seus
apoiadores. Nos últimos anos, porém, cresceu a propagação de mensagens com fake
news e discursos de ódio, o que colocou a discussão sobre a regulamentação em
pauta.
Fonte: O Tempo