Dois anos após ter seu pior desempenho eleitoral nas urnas, o PSDB se encaminha
para as eleições de outubro com uma debandada de vereadores ao redor do país.
Após o fim do prazo para a janela partidária, a legenda ficou sem
representantes em 12 das 26 capitais, inclusive nas maiores cidades dos
principais colégios eleitorais do país — São Paulo, Rio e Belo Horizonte.
Além dos casos das capitais de São Paulo e Minas Gerais, o PSDB passou a
ficar este ano sem qualquer representação em São Luís (MA), Recife (PE), João
Pessoa (PB) e Florianópolis (SC). Há saldo negativo de 11 cadeiras nos
legislativos municipais das capitais, considerando perdas e ganhos. Em Curitiba
(PR), Boa Vista (RR), Aracaju (SE), Maceió (AL) e Vitória (ES), o partido já
não tinha vereadores eleitos no pleito anterior, como no caso do Rio, e não
conseguiu atrair novos nomes com mandatos.
Há ainda outras capitais, como Fortaleza (CE), em que os tucanos
perderam a maior parte dos quadros com mandato. No município cearense, dois dos
três eleitos deixaram a sigla: Cláudia Gomes que irá para o PDT e Cônsul do
Povo que foi para o PSD, que integra a oposição ao prefeito José Sarto (PDT).
O cenário mais crítico ocorreu em São Paulo, capital do estado que os
tucanos geriram por 27 anos consecutivos. Na câmara paulistana, o PSDB ainda
exercia grande influência, com oito dos 55 vereadores. Nesta semana, contudo,
após a Executiva provisória do partido rechaçar o apoio do PSDB na cidade à
reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), houve uma debandada. Dos oito
vereadores, sete pediram desfiliação.
A exceção é Carlos Bezerra Júnior, que se descompatibilizou da
Secretaria Municipal de Assistência Social, e irá retomar o mandato na próxima
semana. Por ser aliado de Nunes, a expectativa é que ele também peça
desfiliação.
O PSDB ainda avalia se vai lançar candidatura própria à prefeitura da
capital ou se apoiará Tabata Amaral, pré-candidata do PSB. Na semana passada, o
apresentador José Luiz Datena, cotado para vice de Tabata, se filiou ao
partido.
Formação de quadros
Apesar das baixas, o presidente nacional da sigla, Marconi Perillo,
defende que a sigla cresceu nos últimos dias:
— O PSDB atraiu quadros novos e trouxe de volta alguns quadros
importantes em vários estados. A gente cresceu muito em filiações em estados
que a gente governa ou já governou. Com exceção de São Paulo, tivemos um
crescimento expressivo.
Em Belo Horizonte, o único representante eleito pelo PSDB, Henrique
Braga, tem feito críticas frequentes ao partido. Recém-filiado ao MDB, o
parlamentar acusou os tucanos de "chantagem" durante discurso no plenário da
Casa Legislativa. Segundo Braga, sua desfiliação ocorreu após um desgaste com o
presidente do diretório municipal, o deputado estadual João Leite:
— O PSDB foi muito desonesto comigo. Depois que trocaram a liderança
municipal, o novo presidente começou a passar recadinho para mim, como se eu
fosse estudante do jardim de infância. Sempre me ameaçando, me chantageando, de
que eu não teria legenda.
No Rio, onde a sigla já não tinha vereador, o PSD, do prefeito Eduardo
Paes, foi o partido que conseguiu atrair o maior número de mandatários. A
bancada passou de oito para 12 vereadores.
Avanço no Centro-Oeste
O partido conquistou adesões nas câmaras do Centro-Oeste. Em Cuiabá, no
Mato Grosso, e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o PSDB filiou quatro e
cinco novos vereadores, respectivamente — conquistando bancadas de sete
representantes em cada um dos municípios. No Mato Grosso do Sul, a relevância
da sigla se manteve com a reeleição do governador Eduardo Riedel.
O cientista político Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), avalia que a falta de quadros pode ser explicada pela perda de
representatividade em São Paulo, estado que ancorava a sigla:
— O partido perdeu suas lideranças na base que irradiava para os outros
lugares. As saídas de Geraldo Alckmin e do ex-governador Márcio França para o
PSB, praticamente, mataram o PSDB, que ficou sem atrativo algum.
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